MAIS UM Raquel Dodge pede abertura de inquérito contra Vital do Rego por doações da J&F em 2014
O ministro Vital do Rego (Tribunal de Contas da União) voltou à mira da Procuradoria-Geral da República. A procuradora Raquel Dodge acaba de solicitar ao ministro Edson Fachin (Supremo Tribunal Federal) abertura de investigação com o ex-senador paraibano (e mais outros oito filiados ao MDB), por doações supostamente ilegais da J&F para sua campanha de 2014.
Estão na lista, além de Vital, os senadores Renan Calheiros (AL), Jader Barbalho (PA), Eunício Oliveira (CE), Eduardo Braga (AM), Valdir Raupp (RO) e Dário Berger (SC), além dos ex-ministros Guido Mantega e Hélder Barbalho. O inquérito é baseado nas delações de Sérgio Machado, ex-senador pelo MDB e ex-presidente da Transpetro, e de Ricardo Saud, ex-executivo da J&F, e envolve R$ 46 milhões em doações.
Delação – Segundo Ricardo Saud houve pagamento de aproximadamente R$ 46 milhões a senadores do MDB, a pedido do PT, mesmo destacando que parte delas foi realizada de forma oficial: “Tratava-se de vantagem indevida, uma vez que dirigentes do PT estariam comprando o apoio de peemedebistas para as eleições de 2014 como forma de assegurar a aliança entre os partidos”.
Vital – Em nota enviada à Imprensa, o ex-senador Vital pontua: “O ministro do TCU Vital do Rêgo não se posicionou sobre a abertura de inquérito. No ano passado, quando a delação da J&F foi divulgada, ele afirmou que “em 2014, quando disputou o governo da Paraíba, recebeu doações legais do Grupo JBS. Elas estão na prestação de contas já analisada e aprovada pela Justiça.” E que “desconhece os fatos narrados pelo delator e está à disposição das autoridades para os esclarecimentos necessários.”
OUTROS INQUÉRITOS…
Julio Camargo – Vital tem sido citado em várias delações. O lobista Julio Camargo, um dos delatores da Lava Jato, relatou ao Ministério Público Federal que participou de três reuniões com Gim Argello com o objetivo de “arrecadar contribuições” e que, em 2014, no terceiro encontro o atual ministro Vital do Rêgo, estava presente. Segundo Camargo, Vital do Rêgo, então senador, era ‘selo de garantia’.
Teori Zavascki – Vital do Rego já responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal, por determinação do ex-ministro Teori Zavascki, em razão de suspeitas de fraude na Lava Jato. Teori acatou denúncia do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, que, em seu parecer, afirmou que as condutas “dentro do contexto de pagamento de vantagens indevidas a membros do Congresso Nacional identificadas como decorrência das investigações Lava Jato, apontam, pelo menos, para os crimes de concussão e/ou eventualmente do crime de corrupção passiva qualificada”.
Andrade Gutierrez – Por outro lado, o executivo Gustavo Xavier Barreto, da Andrade Gutierrez, afirmou em depoimento à Polícia Federal que houve um almoço na casa de familiares de Gim Argello, no qual também esteve o ex-senador Vital, em que foi falado sobre a preocupação da CPMI da Petrobras em “não prejudicar as empreiteiras”. Era uma senha para o acordo.O então senador Vital, que era presidente da comissão, teria exigido dinheiro para não convocar os empresários para depor.
Crime eleitoral – Vital também é denunciado pelo Procurador Geral da República por suposto crime eleitoral cometido na campanha de 2012 na Paraíba. Naquela campanha, segundo inquérito aberto pela Polícia Federal, Vital participou de uma reunião com 150 servidores da Prefeitura de Campina Grande, então comandada por Veneziano Vital do Rego, na qual teria sido pedido “empenho” dos servidores na campanha da família Rego para que seus empregos fossem preservados.
Ex-tesoureiro – Vital também foi denunciado pelo ex-tesoureiro da Prefeitura de Campina Grande, Rennan Trajano Farias, de ter recebido dinheiro em espécie, fruto de um contrato milionário celebrado pela prefeitura campinense e uma empreiteira, que não executou o serviço contratado. Na denúncia, o ex-tesoureiro também revelou ter entregue a Veneziano e a Vital uma parte do montante desviado.
O dinheiro teria sido desviado, segundo Renan, de um contrato de R$ 10,3 milhões entre a prefeitura e uma empreiteira que não executou os serviços. Conforme o relatório da CPI aberta pela Câmara Municipal de Campina Grande, cujo resultado foi entregue à Policia Federal, Ministério Pulico e Polícia Federal, o desvio de recursos foi superior a R$ 12 milhões.