Ronaldo: do “fico” ao Governo do Estado
Do poeta Ronaldo Cunha Lima muito se pode falar. É vasta sua obra política. É copiosa sua lírica em verso. Mas, guardo de Ronaldo um episódio ocorrido em 1986 quando foi instigado a disputar o Governo do Estado. Ronaldo estava no auge da popularidade como prefeito Campina Grande, porém era uma operação de alto risco, pois teria de renunciar ao mandato.
Mais que isto: ele não tinha qualquer segurança de que o PMDB lhe daria legenda para a disputa, pois o candidato preferencial era o habilidoso senador Humberto Lucena, mandatário da legenda. Então, Ronaldo fez uma espécie de consulta popular. E eu fui um dos jornalistas escolhidos (trabalhava então na Gazeta do Sertão) para quem ele telefonou pedindo uma sugestão.
E eu opinei pela sua permanência, como, aliás, ocorreu com a maioria avassaladora dos campinenses. Poucos acreditavam que o PMDB lhe daria legenda. Era realmente um risco. Então, às vésperas de encerrar o período de desincompatibilização, ele convocou a população e realizou um comício gigante para anunciar o famoso “fico”. Sua popularidade só fez aumentar.
Foi prefeito por mais dois anos e, mesmo fora da Prefeitura, pavimentou sua eleição para governador em 1990, derrotando o favorito Wilson Braga. Um dia, durante um encontro casual em João Pessoa, recém-eleito, ele versejou, bem ao seu estilo: “Foi preciso haver um fico, que me trouxe mágoa e dor, mas sem o fico não seguiria, o caminho pra ser governador.”