Sabedoria ou esperteza: o que vale pra São Paulo também vale para a Paraiba?
Impressiona a agressividade como o PT tem se comportado, nos últimos tempos, para formatar as suas alianças na Paraíba. Salvo melhor juízo, o partido tem literalmente tratorado adversários para impor sua determinação de formar coligações até bem pouco tempo impensáveis.
Pode ser inspirado no exemplo dado pelo ex-presidente Lula, que protagonizou uma das cenas mais degradantes desse início de campanha, ao posar nos jardins da casa do deputado Paulo Maluf, em busca do apoio do seu partido, o PP, para seu candidato Fernando Haddad.
Lula certamente não precisava ter se rebaixado tanto, em nome de uma aliança que soou pra lá de estranha para o eleitorado paulistano, tanto que Luiza Erundina desistiu de ser a vice. Lula é bem maior do que Maluf. Foi humilhante. Não vale tudo para se ganhar uma eleição.
Na Paraíba, o PT surpreendeu a praça, primeiro ao celebrar uma aliança com o PP de Campina Grande, de uma forma absolutamente surpreendente. Não que o PP de Campina (que é diferente do PP paulista) não mereça a parceria petista. Mas, pela forma como a aliança foi imposta de cima pra baixo.
Depois, a voracidade como o partido foi buscar o apoio do PSC em João Pessoa e mais uma vez, segundo o próprio presidente do PSC, Marcondes Gadelha, por um imperativo da nacional do PT. De cima pra baixo. Decisão que constrangeu, não só a Marcondes, mas ao médico Ítalo Kumamoto.
É, sem dúvida, um comportamento novo no PT. O partido que surgiu precisamente combatendo esse tipo de prática e proclamando a democracia partidária, agora interfere junto a cúpula das demais legendas para impor sua vontade de cima pra baixo. Tudo em nome das conveniências.
É um comportamento absolutamente temerário, que em muito se assemelha às velhas legendas do passado movidas pelo coronelismo, e que vem desfazer todo o discurso progressista que levou, não apenas Lula à Presidência, mas também Dilma Roussef. O PT imita o que há de pior nos conservadores.
Resta aguardar, a partir de agora, se essas atitudes do partido não irão contaminar eleitoralmente os candidatos beneficiados com essas alianças temporãs. Muitas vezes, alguns confundem sabedoria com esperteza. O sábio costuma ser absolvido, mas os espertos não sobrevivem ao julgamento da história.