SAI OU NÃO SAI EM ABRIL? Lígia e o silêncio que tanto incomoda ao governador
Há silêncios que valem mais do que um discurso macarrônico inteiro. Veja o caso da vice-governadora Lígia Feliciano. Enquanto o governador Ricardo Coutinho, segue tentando acuar a vice, afirmando que só sairá do posto em abril para se candidatar ao Senado, caso tenha as garantias de que ela não promoverá mudanças no Governo, Lígia mantém um mutismo de bulir com os nervos.
É evidente que Lígia (e Damião Feliciano) quer assumir o Governo. Era essa sua expectativa, quando topou ser sua vice em 2014, quando ninguém mais queria. O governador, no entanto, não consegue se desgarrar do poder. Por várias razões. Uma delas, claro, é abrir mão dos instrumentos para intimidar aliados e adversários. Depois, é perder a capacidade do posso, faço e mando.
E o governador sabe que, se não tiver um aliado confiável no comando do Estado, para evitar eventuais devassas em sua gestão, poderá enfrentar muitos dissabores. E, claro, vai precisar que o substituto siga oferecendo-lhe as ferramentas de controle e intimidação, sem as quais não impõe qualquer liderança, porque sua liderança se pauta, não na admiração, mas no temor.
Finalmente, não irá tolerar que uma substituta passe a ter um tratamento melhor com setores maltratados nos últimos sete anos, como o funcionalismo, apenas para citar um exemplo. Ou ainda que a substituta adote uma postura realmente republicana na relação com a Imprensa, respeito a liberdade de expressão. Uma comparação seria fatal aos seus planos personalistas.
E Lígia parece representar essa ameaça. Ainda mais com seu silêncio. E Lígia faz bem em silenciar. Por que se comprometer agora, se não sabe como irá encontrar o Governo?
Declarações – Só pra relembrar algumas das últimas declarações do governador: “Eu só sairia (em abril) se, no Governo, não mudasse absolutamente nada. Se há riscos de mudar, eu não saio. Eu não vejo condições, realmente.” Adiante, ainda se referindo a eventuais mudanças no Governo por sua substituto, RC filosofou: “Se dizem é porque pensam. Se pensam, é porque desejam. Então isso está descartado. Não haverá passagem de governo nessa situação.”