SALDÃO DA CALVÁRIO Ministro manda pro TRE ação de empresário acusado de pagar propina pra campanha de Ricardo Coutinho
Uma decisão do ministro Sérgio Banhos (Tribunal Superior Eleitoral) determinou que uma das ações da Operação Calvário, que envolve o empresário Valdemar Abila (imagem embaixo), proprietário da empresa Brink Mobil, seja encaminhada para julgamento pelo Tribunal Regional Eleitoral.
A decisão do ministro vai à contramão de recente decisão unânime do próprio TRE, que, ao ser acionado pelo Tribunal de Justiça, decidiu pela improcedência de julgar a ação pela Justiça Eleitoral. A Corte seguiu entendimento da Procuradoria Regional Eleitoral.
Em seu parecer, a PRE afirmou: “É importante ressaltar que, pelos elementos constantes na denúncia, verifica-se que a atuação do grupo criminoso se estendeu por mais de uma década, não estando vinculado às eleições, mas era voltado ao desvio de recursos públicos, com obtenção de vantagens ilícitas, pela inserção das organizações sociais na área da saúde e fraudes licitatórias na educação.”
A surpreendente decisão do ministro Banhos, do último dia 29 de março, atendeu um pedido de Valdemar Ábila para “revogação de medidas cautelares diversas da prisão, deferidas no bojo da Operação Calvário, especificamente a medida de proibição de ausentar-se da comarca de domicílio sem prévia autorização do juízo“.
Denúncia – Durante investigações do Gaeco, o esquema de pagamento de propinas foi revelado, a partir das delações do ex-assessor Leandro Nunes e também do ex-secretário Ivan Burity, com as contribuições de Marquito Ábila, de Curitiba, que havia sido sócio de Valdemar na empresa.
Também foi desvendada a ligação da Brink Mobil com Ivan Burity que só veio a ser revelada, a partir da delação de Marquito Ábila. O caso se deu após o rompimento litigioso dos sócios. Conforme testemunhos, Ivan foi ao Paraná pegar R$ 1,2 milhão em espécie da empresa, para a campanha de Ricardo Coutinho em 2014.
Ainda como efeito colateral, a Justiça de Mato Grosso do Sul determinou a prisão de Rodrigo Souza e Silva, filho do governador Reinaldo Azambuja, também envolvido num esquema de pagamento de propinas a partir de contratos celebrados com a empresa JBS.
Histórico – Em 2016, o conselheiro Arnóbio Vianna, então presidente do Tribunal de Contas do Estado, alertado de uma operação consistia na aquisição de 200 laboratórios de robótica à empresa Brink Mobil, ao valor estimado de de R$ 38,2 milhões, com suspeitas de superfaturamento, decidiu suspender a compra.
Mesmo assim, a compra teria sido realizada, através de outra empresa, a Conesul, que seria, na verdade, uma irmã gêmea da Brink Mobil.