SALTO NO ESCURO Bolsonaro muda ministro em plena crise e assume os riscos caso número de mortes por coronavírus cresça exponencialmente
Ainda é cedo para avaliar as consequências da mudança do ministro da Saúde em plena crise do coronavírus. É como trocar o pneu de um carro em movimento. Mas, à primeira vista, a demissão de Luiz Henrique Mandetta traz mais desgaste para o presidente Bolsonaro.
Apesar de ser um ministro do qual pouco se falava até o início deste ano, Mandetta tornou-se um dos auxiliares mais populares, em função de seu desempenho durante o enfrentamento ao coronavírus. O panelaço que se seguiu ao anúncio de sua exoneração deu bem uma mostra da reação de uma parte da população.
De quebra, também se rompe um tanto o laço do governo com o Dem, partido de Mandetta. Ou seja, há um prejuízo de curto prazo, e os dados à imagem do governo vão depender do desempenho do novo ministro, Nelson Teich, que, apesar de flagrantemente bolsonarista, também defende isolamento social.
Vai depender também da curva de contaminação do vírus e óbitos, nas próximas semanas. Se houver uma grande intensificação do aumento de casos, a partir de agora, esse conta das mortes certamente será creditada a Bolsonaro. E, obviamente, ao novo ministro, que nem terá tanta culpa, porque, afinal, pegou o bonde andando.
De qualquer forma, como se trata de um problema grave de saúde pública, a mudança é um salto no escuro. E passa a impressão de certa irresponsabilidade, dada as circunstâncias que atualmente vivenciamos. Afora, é claro, a suspeita de que afastou Mandetta por conta da popularidade do ministro.
Mas, se der certo (a mudança de ministro e orientação), então poderá sair da crise do coronavírus com popularidade em alta. É, portanto, uma aposta. Arriscada.