O caso não chega constituir surpresa, meu caro Paiakan. Mas, o fato é que mais um processo contra o ex Ricardo Coutinho, daqueles remanescentes da Operação Calvário, está sendo remetido para julgamento pela Justiça Eleitoral. Como, aliás, sempre pretendeu o ex-governador.
A juíza Ana Christina Soares (3ª Vara Criminal) acaba de enviar para a Justiça Eleitoral ação penal que investiga Ricardo Coutinho e mais sete réus investigados. Entre os crimes investigados estão lavagem de dinheiro, ocultação de bens e falsidade ideológica.
A magistrada, em sua decisão, atendeu pedido defesa dos réus, sob alegação que a justiça comum seria incompetente para julgar o caso, pois os crimes investigados tem relação com crimes eleitorais, como o desvio de recursos para financiamento de campanhas, prática conhecida como o Caixa 2.
Despacho – Diz Ana Christina: “Não cabe a este juízo, mas sim à Justiça Eleitoral, aferir a existência de conexão entre os crimes comuns praticados pela suposta organização criminosa e o contexto fático envolvendo os crimes eleitorais, oriundos das persecuções penais remetidas, para a Justiça Eleitoral.”
E conclui “Diante do exposto, sem fazer um juízo de valor sobre a existência da conexão, determino a remessa destes autos à Justiça Eleitoral, com as mídias respectivas, para que aquela Justiça Especializada possa se pronunciar sobre a competência ou não para o julgamento dos fatos contidos na peça preambular.”
Ou seja, meu caro Paiakan, o trabalho do Gaeco para desbaratar um esquema de desvio de, pelo menos R$ 134 milhões da Saúde do Estado, que, supostamente, seria da esfera criminal, está sendo levado para julgamento pela Justiça Eleitoral onde, pelo visto, deverá encontrar maior benevolência.