SERIA PARA PAGAR CRUZ VERMELHA? Governo RC reteve meio bilhão de duodécimo dos demais poderes em 8 anos
Há poucos dias, o Blog trouxe uma informação, indicando nova linha de investigação do Gaeco (Ministério Público da Paraíba) para apurar se parte do duodécimo dos demais poderes, retido durante o governo Ricardo Coutinho, teria sido usado para pagamento a organizações sociais, como Cruz Vermelha gaúcha e Ipcep (Instituto de Psicologia Clínica, Educacional e Profissional), dentre outras. (Mais em http://bit.ly/2wB93yl)
Bem, um levantamento preliminar realizado junto ao Tribunal de Contas do Estado, Assembleia Legislativa, Poder Judiciário, Ministério Público da Paraíba, Defensoria Pública e Universidade Estadual da Paraíba revela que, por baixo, a retenção do duodécimo chega à cifra de meio bilhão. Para se ter uma ideia, somente da UEPB foram mais de R$ 250 milhões, em oito anos. Da Defensoria Público, perto de R$ 80 milhões.
R$ 2 bilhões – Outro levantamento recente apontou que organizações sociais como Cruz Vermelha gaúcha, Ipcep, Gerir, InSaúde, Ecos e ABBC faturaram, nos últimos oito anos, mais de R$ 2 bilhões. E, boa parte desse dinheiro repassado às OSs pode ter vindo precisamente do duodécimo suprimido dos demais poderes. É a linha de investigação. Uma informação surpreendente, caso se confirmada.
Irregularidades – Afinal, como se sabe, relatórios do Tribunal de Contas do Estado revelaram graves irregularidades na terceirização de hospitais, UPAs e escolas da rede estadual, investigações da Operação Calvário desbarataram quadrilha que, infiltrada na Cruz Vermelha e Ipcep, para citar duas das organizações sociais arranchadas na Paraíba, desviaram um volume considerável de recursos públicos para pagamento de propinas a agentes públicos.
Somente a Cruz Vermelha movimentou mais de R$ 1,1 bilhão, enquanto o Ipcep, que terceirou o Hospital de Santa Rita, faturou perto de R$ 200 milhões, entre 2017 e 2018, inclusive antes mesmo da unidade ter sido inaugurada. InSaúde e Ecos, que terceirizaram 652 escolas da rede estadual de ensino, vêm faturando nada menos do R$ 234 milhões por ano, nos últimos dois anos. Praticamente meio bilhão.
Flagrante – A julgar pelo que ocorreu com a Cruz Vermelha, onde, conforme a Operação Calvário, em apenas um mês (agosto de 2018), a organização criminosa desviou R$ 900 mil em recursos públicos, dá para presumir algo como R$ 20 milhões ao ano (considerando todos os demais contratos), sinalizam para uma montanha de propina que pode ter atingido mais de R$ 200 milhões, em oito anos.
Só pra lembrar: conforme flagrante da força tarefa, o ex-assessor Leandro Nunes Azevedo foi flagrado recebendo de Michele Cardozo (secretária de Daniel Gomes da Silva, chefe da quadrilha) uma caixa de vinho com R$ 900 mil, num hotel do Rio de Janeiro. Dinheiro que, segundo delatou, foi usado para pagamento de empresas fornecedoras da campanha de João Azevedo, Veneziano e Luís Couto, ano passado.
Segundo ainda a Operação Calvário, o dinheiro da propina era usado para o enriquecimento de agentes públicos.