Só descobri Stieg Larson com a notícia de sua morte
Muita gente torce o nariz para a literatura policial. Mas, não costumo resistir a um livro de Agatha Christie (Inspetor Poirot) ou de Sir Arthur Conan Doyle (Sherlock Holmes). Porém, há tempos, não degustava um novo bom autor e, de repente, li, por acaso, a notícia da morte do jornalista sueco Stieg Larson. Foi uma morte inusitada e precoce, em 2004, aos 50 anos.
Ele era editor de uma revista Expo e também havia lançado o livro Extremhogern, sobre a extrema direita de seu País, que lhe rendeu vários dissabores jurídicos. O noticiário, apesar de deixar em aberto que ele poderia ter sido vítima de um atentado, narrava que ele morreu de infarto, após subir as escadas do seu prédio até a sede da revista, porque naquele dia o elevador estava parado, por falta de energia.
Sua morte rendeu várias manchetes, porém a surpresa maior foi sua companheira ter descoberto um calhamaço com a trilogia Millenium, que fora recusada por várias editoras. O fio condutor é a condenação do jornalista Michael Blomkvist e o início de uma investigação sobre um crime ocorrido décadas antes, com o auxílio da hacker orfã hiper-moderna Lisbeth Salander.
O primeiro volume (Os Homens Que Não Amavam as Mulheres) traz precisamente a investigação minuciosa, conduzida por um mestre do romance policial. A narrativa é envolvente, dada a veracidade dos passos seguidos para desvendar o crime. No paralelo, o livro traz também o sofrimento da órfã Salander, nas mãos de um tutor sexualmente pervertido. E, claro, sua vingança.
O livro, lançado após sua morte, rapidamente se tornou um sucesso mundial, rendeu um filme sueco homônimo, e chegou a seduzir Hollywood, que também lançou a sua própria versão. E deve lançar também as versões seguintes dos dois volumes restantes. A maior ironia, hoje, é que Larson, enquanto vivo, era pobre.
De repente, o livro lhe trouxe uma riqueza, que vem sendo disputada na Justiça pelos seus irmãos e a companheira, com quem viveu toda uma vida a dois de dificuldades. Um desfecho que, certamente, poderá render outro enredo para Hollywood.