SOS Seca vai coletar 300 mil assinaturas para pedir providências a Dilma
Quem imaginou que a Caravana da Seca encerraria com a visita a algumas das áreas mais atingidas pela estiagem, certamente se enganou. A Assembleia da Paraíba produziu nesta terça (dia 15) o maior evento político do País em defesa de ações efetivas de combate à estiagem, e cumpriu o papel que deveria ser do Governo do Estado de mobilizar a sociedade em torno do problema.
Mais que isto: os deputados estão articulados para coletar, em todo Nordeste, 300 mil assinaturas de forma que 150 deputados da região entreguem pessoalmente à presidente Dilma Roussef a chamada Carta da Paraíba SOS Seca. O documento não apenas chama a atenção do Governo para o problema da seca, como propõe alternativas para ajudar o homem a enfrentar a estiagem.
Com essa mobilização, a Assembleia também liga o alerta para que o País inteiro tenha conhecimento dos problemas que os sertanejos vêm enfrentando, praticamente sem ajuda governamental. O Governo Federal (leia-se a presidente Dilma) imagina que está ajudando, apenas porque manda mensalmente a tal Bolsa Família e outros penduricalhos assistencialistas do gênero.
Já o Governo do Estado (leia-se Ricardo Coutinho) acredita que está ajudando, ao comercializar ração animal com preços acima dos praticados no mercado (!). E, enquanto permanecem em seus gabinetes climatizados, atendendo à distância com o controle remoto de paliativos, o homem do Sertão pena com a seca inclemente, e assiste a dizimação dos seus rebanhos e lavouras.
Claro que um evento desse porte não teria êxito sem a iniciativa do presidente da Assembleia, Ricardo Marcelo. Mesmo correndo o risco de se indispor com o senhor governador, ele bancou a iniciativa, não apenas de comandar a caravana pelo interior, como da difusão de uma nova cultura, em que a classe política deixa o discurso de lado e parte efetivamente para a prática.
E há ícones importantes nessa cruzada, sem os quais não se alcançaria o êxito obtido: o deputado Assis Quintans, de longe o parlamentar mais envolvido com as questões de combate à seca, e o padre Djacy Brasileiro, uma voz praticamente isolada que, aliás, vem denunciando a estiagem desde abril do ano passado, clamando sozinho num deserto de poucas ações governamentais.
A Assembleia deu um exemplo para o País. Espera-se que, a partir de agora, o Executivo possa se alertar para a sua responsabilidade em ações efetivas de enfrentamento à seca.