Subemprego e a miragem do pleno emprego, por Palmarí de Lucena
O cenário do subemprego, paradoxalmente, convivendo com elevados salários para profissionais altamente qualificados é a preocupação externada pelo escritor Palmarí de Lucena em sua mais recente crônica “A miragem do pleno emprego”. Ou seja, nesse desempenho da economia, há um pequeno número de profissionais com salários altos, em contraste com uma massa de trabalhadores com salários irrisórios, um modelo clássico de exclusão social. Confira a íntegra de seu comentário:
Pequeno grupo de profissionais com educação privilegiada recebendo salários cada dia mais altos, enquanto a maioria dos trabalhadores labutam em ocupações de baixo nível salarial, com poucas possibilidades de avanço ou melhoria de condições de trabalho. Subemprego mascarando-se como pleno emprego, na economia americana ou em outros países afrouxando garantias trabalhistas e previdenciárias como uma forma de atrair novos investimentos, aumentar a empregabilidade de pessoas semiqualificados e reduzir tensões sociais causadas pelo desemprego.
O sucesso dos Estados Unidos na criação de novos empregos é frequentemente atribuído a medidas de redução da carga tributária dos mais ricos, eliminação de regras ambientais e descontrole de industrias de extração. Várias cidades são exemplos marcantes de uma tendência inconfortável da economia americana: crescimento econômico e empregos bem-remunerados criados por investimentos em tecnologia, a maioria das outras contratações no setor de serviços, onde os salários são medíocres.
Automatização também está contribuindo para a formação de uma ilha de profissionais de alto nível, sendo pagos salários diferenciados nas grandes empresas de tecnologia, que geram centenas de milhares de dólares de lucro por empregado. Esta ilha existe no meio de um oceano de trabalhadores estancados em empregos como em hotéis, restaurantes, salões de beleza ou asilos para idosos, negócios que geram menos lucro por empregado e permanecem viáveis, mantendo salários nos níveis mais baixos da escala salarial ou valendo-se de acordos informais de trabalho.
Existe uma crescente preocupação sobre novos arranjos no mercado de trabalho e desregulamentação da economia, porque tendem a limitar acesso de trabalhadores com educação média ou quadros técnicos a empregos de baixo nível salarial e incerteza laboral. É de importância fundamental avaliar o impacto e a sustentabilidade deste modelo em áreas devastadas pela crise, desemprego, subemprego e exclusão social.