TÁBUA DE SALVAÇÃO Avanço das investigações da Calvário e isolamento político levam Ricardo Coutinho a colar em Lula
A história se repete. Em 2004, quando sua candidatura à prefeitura de João Pessoa não conseguia decolar, Ricardo Coutinho foi atrás do senador Zé Maranhão, para convencer Manuel Júnior a desistir da disputa e apoiar sua postulação. Foi um parto difícil, mas Maranhão comandou a operação e bancou a primeira eleição de Ricardo com Manuel Júnior de vice.
A liga durou pouco. Ricardo Coutinho rompeu com Manuel Júnior e, em 2008, na reeleição, quando já estava fortalecido, desdenhou da indicação que Maranhão fez para a vice, que era Gervásio Filho. Preferiu Luciano Agra. E, como se sabe, também detonou Agra na sequência, a quem preteriu para empinar a candidatura de Estelizabel Bezerra que, como também se sabe, deu errado.
Em 2010, após se afastar de Maranhão, de quem não precisava naquela eleição, ele fez Cássio Cunha Lima interromper estudos nos Estados Unidos para apoiar sua candidatura ao governo do Estado, que era, naquele momento, mera ficção. Maranhão liderava todas as pesquisas. Mas, com o apoio decisivo de Cássio, conseguiu se eleger governador. Pouco depois, como sabe, detonou Cássio.
Em 2014, certo de que não conseguiria se reeleger, foi atrás de Luciano e Lucélio Cartaxo, no primeiro turno, e ainda fechou acordo secreto com Vital do Rego Filho, por debaixo dos panos. E como, mesmo assim, não conseguiu vencer a parada, então foi se socorrer de Dilma Rousseff (a quem criticara no primeiro turno), Michel Temer e… novamente Maranhão para vencer no segundo turno.
Então, ante o risco de isolamento e, com o avançar das investigações do Gaeco no âmbito da Operação Calvário, voltou-se para o PT. E, agora, com Lula em liberdade, ele aposta suas fichas no ex-presidente como um ancoradouro político. Vai, com certeza, amorcegar-se no petista como uma espécie de tábua de salvação. Porque é essa sua índole. E nem precisa especular. Basta ver sua história.