Já há uma óbvia camaradagem entre eles, além da parceria política, meu caro Paiakan. Pelo menos a julgar pelas postagens que o deputado Luciano Cartaxo e o ex Ricardo Coutinho têm feito em redes sociais, enfatizando a cumplicidade que estabeleceram, visando as próximas eleições.
Luciano postou: “Em Brasília, junto com Ricardo, comemorando mais uma vitória do Belo pela série C. Placar: Botafogo-PB 3 x 1 Athletic.” O registro refere-se à ida de Cartaxo a Brasília, na noite dessa segunda (03/06), para se encontrar com o ex-governador e assistirem, juntos, ao jogo do Botafogo.
Ricardo não se fez de rogado, e compartilhou a foto e o comentário de Cartaxo, sinalizando a parceria, apesar de, em várias eleições, terem sido adversários e terem trocado desaforos: “Dois torcedores do Belo vibrando com a grande vitória sobre o Athletic-MG e a liderança da série C. Bora Belo!”
A súbita reaproximação de Cartaxo com Ricardo fez até o presidente do PT, Jackson Macedo, comentar, em tom de ironia, como se não tivesse conseguido entender a aproximação, após todas divergências no passado entre eles: “Eu sei e lembro. Cada um que viva com suas contradições.”
Cartaxo vive uma contradição no seu partido. Primeiro, por ter deixado a legenda com a eclosão do Mensalão, e saiu atirando. Lula estava no auge da crise no escândalo. Após passagens por alguns partidos, como PSD e PV, eis que Cartaxo retorna ao PT onde não encontra mais o apoio que um dia teve.
Na disputa pelas prévias com a deputada Cida Ramos, ele afinou. A deputada, claramente, tinha a maioria da militância a seu favor, ele sabia que iria perder, então procurou uma saída pouco honrosa, ao desistir do embate. E, depois, acolitado por Ricardo Coutinho e o deputado Luiz Couto, decidiu voltar ao jogo, noutros termos.
Já foi uma vitória ter conseguido que a direção nacional optasse por recomendar pesquisa aberta. Nesse terreno, leva vantagem sobre Cida (segundo as últimas pesquisas), que não teve oito anos de mandato como prefeita, e certamente Luciano tem o recall de duas gestões seguidas, a despeito do fracasso na disputa pela deputação estadual, quando foi eleito por um triz.
A curiosidade é que, ressalvando Coutinho e Couto, Cartaxo não tem apoio de praticamente nenhuma liderança política. Não tem um vereador, sequer um deputado estadual, que lhe siga. E impressiona para um líder que esteve por dois mandados no principal colégio eleitoral do Estado.
Mas, essa ausência de parceiros talvez já diga muito sobre o político Cartaxo que, na ausência de lastro político, busca tábua de salvação em quem foi derrotado fragorosamente, nas últimas duas eleições. Mas, é o que Luciano tem para o momento. Resta saber se, uma vez escolhido candidato a prefeito pelo PT, terá um calvário na campanha. Não é mesmo, meu caro Paiakan?