Temer corta ministérios mas equipe terá dez deputados, um superministro, três ex do Governo Dilma e… nenhuma mulher

Pode até ser justificável a maioria do ministério de Michel Temer ser de políticos, alguns muito profissionais, para assegurar uma maioria confortável no Congresso Nacional capaz de garantir governabilidade e quórum para aprovação de matérias certamente impopulares. Mas, será que não havia uma única mulher no Brasil com atributos para integrar a equipe?

Temer toma posse 12mai2016

Pode até ser justificável a maioria do ministério de Michel Temer ser de políticos, alguns muito profissionais, para assegurar uma maioria confortável no Congresso Nacional capaz de garantir governabilidade e quórum para aprovação de matérias certamente impopulares. Mas, será que não havia uma única mulher no Brasil com atributos para integrar a equipe?

É a primeira indagação que se faz. Há outras, obviamente, inclusive a dúvida se uma equipe eminentemente política dará respostas técnicas às muitas demandas que se apresentam nesse momento. A maior delas talvez seja encontrar substância para tapar um rombo previsto para este ano de R$ 150 bilhões no Orçamento da União, ou 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto).

Temer joga claramente toda a responsabilidade para a crise financeira aos cuidados do novo superministro Henrique Meirelles (Finanças e Previdência). É talvez a sua melhor aposta para recuperar a credibilidade do Governo Federal. Mas, terá de conviver com o também novel ministro Romero Jucá (Planejamento), de longa rodagem na política e mais afeito ao jogo parlamentar.

Diante desse ministério, Temer terá como primeira tarefa, obviamente, mostrar que a opção feita por uma equipe política resultará em tranquilidade para aprovar no Congresso as medidas necessárias. Será, por assim dizer, o seu primeiro teste, num ambiente insalubre, onde os petistas e aliados certamente estarão esperando de foice na mão.

E não será fácil aprovar de um golpe (ops!) a reforma da Previdência, absolutamente inadiável, e a reforma tributária. Muitos tentaram antes e não conseguiram, dadas as enraizadas resistências num Congresso marcado pelo signo dos interesses de grupos. Pelo visto, o Brasil ainda terá um caminho muito árido pela frente, para enfim encontrar uma saída. Se encontrar.

Ninho de deputados – Da lista de ministros anunciadas, nesta quinta (dia 12), dez são deputados: Mendonça Filho (DEM-PE), Ricardo Barros (PP-PR), Ronaldo Nogueira (PTB-RS), Osmar Terra (PMDB-RS), Sarney Filho (PV-MA), Bruno de Araújo (PSDB-PE), Maurício Quintella (PR-AL), Raul Jungmann (PPS-PE), Fernando Bezerra Filho (PSB) e Leonardo Picciani (PMDB-RJ).

Terá ainda os ex-ministros Sarney Filho (ex do Meio Ambiente), Hélder Barbalho (ex dos Portos) e Gilberto Kassab (ex das Cidades).

Eis o ministério de Temer…

Fazenda (inclui Previdência) – Henrique Meirelles

Planejamento – Romero Jucá (PMDB)

Desenvolvimento, Indústria e Comércio – Marcos Pereira

Relações Exteriores (inclui comércio exterior) – José Serra (PSDB)

Casa Civil – Eliseu Padilha (PMDB)

Secretaria de Governo – Geddel Vieira Lima (PMDB)

Secretaria de Segurança Institucional (inclui Abin) – Sérgio Etchegoyen

Educação e Cultura – Mendonça Filho (DEM)

Saúde – Ricardo Barros (PP)

Justiça e Cidadania – Alexandre de Moraes

Agricultura – Blairo Maggi (PP)

Trabalho – Ronaldo Nogueira (PTB)

Desenvolvimento Social e Agrário – Osmar Terra (PMDB)

Meio ambiente – Sarney Filho (PV)

Cidades – Bruno Araújo (PSDB)

Ciência e Tecnologia e Comunicações – Gilberto Kasssab (PSD)

Transportes – Maurício Quintella (PR)

Advocacia-Geral da União (AGU) – Fabio Medina

Fiscalização, Transparência e Controle (ex-CGU) – Fabiano Augusto Martins Silveira

Defesa – Raul Jungmann (PPS)

Turismo – Henrique Alves (PMDB)

Esporte – Leonardo Picciani (PMDB)

Minas e Energia – Fernando Bezerra Filho (PSB)

Integração Nacional – Hélder Barbalho (PMDB)