“TEMPOS ESTRANHOS”… Ex-ministro tem fala sobre Lula censurada pelo TSE e desabafa: “Onde vamos parar?”
O ex-ministro Marco Aurélio Mello abriu fogo contra as recentes decisões do Tribunal Superior Eleitoral, que incluiu, não apenas censura a blogueiros, portais e até empresa Jovem Pan, também a programas de guia eleitoral que, de alguma forma dizem que Lula não foi inocentado.
As declarações de Marco Aurélio foram dadas a várias empresas de comunicação, nesta quinta (20/10). À Folha de São Paulo, o ex-ministro indagou: “Tempos estranhos! Onde vamos parar? Já se disse: censura nunca mais! Essa fala (de que Lula não foi inocentado) refletiu a verdade processual no âmbito do Supremo.”
O ex-ministro referiu-se à peça enviada pela campanha de Bolsonaro para ser exibida nesta quarta (19/10) e que trazia uma entrevista com o próprio Marco Aurélio na qual ele explicava: “O Supremo não o inocentou. O Supremo assentou a nulidade dos processos-crime. O que implica o retorno à fase anterior, à fase inicial.”
A propaganda que foi exibida, no entanto, foi alterada pelo TSE, e no momento desta fala, aparece uma tela com um QR Code direcionando para o Tira-dúvidas Eleitoral do TSE e a seguinte mensagem: “Exibido para substituir programa suspenso por infração eleitoral.”
A decisão que fundamentou a suspensão do trecho foi expedida pelo ministro Paulo de Tarso Sanseverino sobre outra propaganda na qual a mesma entrevista é utilizada, na qual Lula é chamado de “corrupto” e “ladrão”.
Jovem Pan – Já as empresas do grupo Jovem Pan passaram a utilizar um selo de “censura” em seus perfis nas redes sociais e programas de TVs, em alusão à decisão do TSE de proibir seus profissionais de proferir contra Lula palavras como “ex-presidiário”, “descondenado”, “corrupto” e “ladrão”, dentre outros termos.
Em nota, a empresa informou, nessa quarta (19/10): “Tribunal Superior Eleitoral determinou que alguns fatos não sejam tratados pelo grupo de comunicação e seus profissionais, seja de modo informativo ou crítico… O que causa espanto, preocupação e é motivo de grande indignação é que justamente aqueles que deveriam ser um dos pilares mais sólidos da defesa da democracia estão hoje atuando para enfraquece-la e fazem isso por meio da relativização dos conceitos de liberdade de imprensa e de expressão, promovendo o cerceamento da livre circulação de conteúdos jornalísticos, ideias e opiniões.”