“Tenho vergonha de ser paraibano, de ser policial”
O policial Thyago Medeiros da Silva que, há poucos dias, narrou para o Blog o sofrimento que tem passado, desde que teve dois dedos amputados após ser atingindo por um bandido, declarou no facebook, que sempre sonhou em ser policial. Mas, diante do que está passando, desabafou: “Sinto vergonha de ser paraibano, de ser brasileiro, de ser policial.”
Logo após o incidente, Thyago perdeu um terço dos vencimentos por não estar em exercício. Sem ajuda do Governo do Estado, amigos e parentes tiveram de custear uma cirurgia (R$ 4.700,00) e continuam bancando os medicamentos de que ele precisa inclusive para enfrentar a depressão. Na postagem, Thyago extravasa sua dor e revela o desespero ao ser atingido.
Confira trechos do seu relato:
“Como toda criança, quando era pequeno e assistia séries e filmes eu inocentemente queria ser super-herói, cresci e vi que aqueles bandidos da ficção existiam de verdade e eram muito mais cruéis, mas vi também que não existem heróis, se existem não são reconhecidos como tal, vi que esses bandidos podiam ser combatidos por mim se me tornasse policial, mesmo que muitos, e muitos mesmo dissessem que na polícia só tinha bandido e que era arriscado, que não valia a pena, que se ganhava pouco…
Já tinha passado algumas muitas e más nas mãos de marginais, era a profissão certa!
Voltando pro mundo real, sinto vergonha de ser paraibano, de ser brasileiro, de ser policial
Já se sentiu inútil e incapaz? Nem sempre é verdade isso!
E dor por horas ao ponto de pensar no pior pra que aquela dor parasse?
Qual a sensação de ter seu futuro todo mudado em 1 segundo? Como reagir a ele?
Como proceder com pessoas que nunca passaram por sua situação a julgam, julgamento rigoroso de quem mal lhe conhecem!
Se for impedido de fazer tudo aquilo que você mais gosta, quais alternativas criar?
O que fazer ao dar o comando pra sua mão e ela sequer tremer, sem sensibilidade ao calor, frio, tato…
O que dizer ou fazer ao ouvir seus companheiros de profissão dizerem que já pegaram seu dedo explodido e perdido para ser reimplantado quando você já sabe ser uma alternativa de minimizar sua dor em meio ao desespero?
Estado de choque pra mim significa ver sua mão e braço abertos por ferimentos e sangrarem, mão mutilada.
Sabe aquela aliança que você com tanta alegria pos no seu dedo que nem mais existe e simbolizava seu amor por alguém, ela também “se foi”!
Mesmo ferido, subir um morro com as próprias pernas, perder sangue por uma viagem até um hospital mais próximo, cair de uma maca batendo com a cabeça no chão…Aguentaria como eu aguentei, somos fortes!
Como avisar as pessoas que você ama que está ferido, com dores, distante e sofrendo, qual a maneira de dizer que tudo vai ficar bem pra não se preocuparem quando isso nunca será verdade?
Dormir sob fortes medicações, só e somente só com elas relaxar?
Sentir e viver tudo isso, mas ter de superar, conseguir, ser forte, mas se sentir abandonado e cair novamente em depressão por ver que foi em vão tudo o que defendia, estranha essa sensação, essa me fez repensar muita coisa.
Foram só coisas ruins? Mas e a solidariedade de amigos, a atenção da família, de pessoas desconhecidas, orações, doações e revelações?
Pois bem, estas foram muitas, por isso a força em continuar, injustiças vejo todos os dias e me incomodam bastante viver mais uma, mas hoje sei com quem realmente posso contar e quem não! Quem entende você e quem não! Quem gratuitamente colabora e “perder” alguns minutos com você e quem não! Quem é solidário a você e ajuda, quem não. Quantas pessoas esperei reações diferentes e não recebi, quantas me surpreenderam? Tanta coisa pra dizer que daria um livro, pois essa apesar da pior, não foi a única dificuldade de uma vida ainda jovem, mas muito marcada em todos os sentidos físicos e mentais…”
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