TRT dá um basta na fúria privatista do governador
Tenho a impressão, meu caro Paiakan, que o nosso ínclito, preclaro e insigne governador tem uma espécie de trauma contra servidor e serviço público. Ele é talvez o (que se diz) socialista mais de direita dessas latitudes. Tudo é motivo de terceirização.
Mal começou o Governo, abriu entendimentos para terceirizar os serviços de ambulâncias com a suspeitíssima empresa Toesa. E só não consolidou a operação, porque a Imprensa (que ele vê marrom), sempre vigilante, denunciou e o fez recuar.
Mas, não de todo. Como se sabe, a Toesa até saiu do negócio, apesar de ter feito uma doação de R$ 300 mil para a campanha do então candidato RC. Também uma empresa pra lá de suspeita, acusada de operar movida a propina, conforme a mídia nacional…
A Toesa saiu, mas não a Easy Life. Empresa camarada, com laços políticos estendidos ao governador Cid Gomes, do PSB. A mesma, aliás, que bancou um jatinho para a sogra do governador conhecer a Europa, com requintes de uma UTI móvel. Um luxo.
Não ficou apenas na Esay Life. E a MCF Facility (do empréstimo consignado)? Por mera coincidência, empresa cearense ligada ao deputado Mário Feitoza. Aliado do governador El Cid, do PSB velho de guerra, impávido e diligente acudindo colegas de partido.
As línguas mais ferinas seguiriam falando da empresa baiana Ideia Digital, aquela que foi sem nunca ter sido para o programa Jampa Digital. Uma licitação, podemos dizer, terceirizada com a maioria dos itens pra lá de superfaturados. Bem ao gosto do freguês.
E o Hospital de Trauma? Terceirizado para uma ONG gaúcha, atolada em denúncias por onde passou. Uma rápida pesquisa no Google mostra como até o gestor importado para administrar o Trauma estava com os bens indisponíveis. Tudo boa gente.
Uma terceirização tipo Primeiro Mundo. Se antes da operação, o Hospital de Trauma era mantido com cerca de R$ 4 milhões ao mês, após a passagem para a Cruz Laranja, perdão, Vermelha, ultrapassou os R$ 7 milhões mensais. A diferença tomou doril.
Não satisfeito o governador girassol partiu para privatizar o restante dos hospitais. A ordem era entregar para os gringos ávidos pelo lucro. Que ninguém vai trabalhar de graça. Muito menos essa gente camarada com os seus parceiros tão bem terceirizados.
Ainda bem que, em algumas situações, existe Justiça. Foi o caso do TRT. Numa decisão histórica, a Corte barrou por unanimidade a fúria privatista do governador, para evitar que chegasse a privatizar tudo, quem sabe até mesmo o MPE, o TCE, a Assembleia, a decência…
Essa vitória tem um ícone, que é o procurador Eduardo Varandas. Mas, o principal beneficiário é o cidadão, que paga impostos e espera ser tratado como gente, e não apenas como moeda do lucro fácil para os tubarões que se aboletam na cadeira que devia ser um gestor público sério e compromissado.