UEPB será obrigada a demitir professores após redução de orçamento. Afinal, por que RC persegue tanto a Universidade?
A Educação pública estadual vive na Paraíba dos tempos republicanos um de seus piores momentos. Não bastasse o fechamento de centenas de escolas, os baixos percentuais do Ideb nas unidades estaduais, também o desmantelamento de um dos patrimônios do Estado, que é a Universidade Estadual da Paraíba, um processo perverso iniciado desde 2011.
Já nos primeiros dias de seu mandato, o governador Ricardo Coutinho decretou o fim da autonomia da UEPB, uma das principais conquistas da comunidade acadêmica. Não bastou esse golpe. Nos anos seguintes, passou a reduzir paulatinamente os repasses orçamentários, levando a Instituição ao estrangulamento de suas receitas.
E, agora, se vê a que ponto está chegando. Há poucos dias, o reitor Rangel Júnior anunciou a demissão de 120 professores substitutos, e cancelar a chamada de 2700 estudantes de graduação que entrariam na instituição no segundo semestre de 2017. A decisão ocorreu após a divulgação do orçamento anual da UEPB por parte do Governo RC de R$ 290 milhões.
Ora, esse valor é R$ 27 milhões a menos do que o próprio Governo havia previsto, de R$ 317 milhões. Segundo Nelson Júnior, presidente da Aduepb (Associação dos Docentes da UEPB), o Conselho Universitário da Instituição havia solicitado um orçamento ainda maior do que o inicialmente proposto pelo Governo, de R$ 410 milhões: “Como aceitar R$ 290 milhões?”
O clima é de indignação: “Com a divulgação do valor dos repasses duodécimos, percebemos que o orçamento da universidade seria ainda menor do que o que o próprio Governo havia proposto. A reitoria, no entanto, não enfrentou a situação, e sequer se posicionou publicamente contra os cortes, apenas apresentou essa proposta como forma de se adequar à situação.”
Os docentes da UEPB estão em estado de greve desde o dia 7 de dezembro de 2016. Eles acumulam uma perda salarial de 23,61% e estão com suas progressões funcionais congeladas desde janeiro do ano passado. Agora, as lutas contra as demissões e o fechamento de vagas se somam a essa pauta, que será avaliada em assembleia geral no dia 9 de março.
E arremata o sindicalista: “Hoje a UEPB tem oito campi. Caso essa situação se mantenha, é possível que, em alguns anos, os campi distantes da sede sejam fechados ou até privatizados. A Aduepb-SSind (Seção Sindical da Andes) está contra essa posição da reitoria, que decorre da política orçamentária do Governo da Paraíba”, completa Nelson Júnior.