Um governador indo e voltando
Não foi a primeira vez que o nosso ínclito, preclaro e insigne governador Ricardo Coutinho recuou, após denúncias da Imprensa e oposição, seguidas pela indignação da opinião pública. Foi assim, por exemplo, quando assumiu e mandou demitir mais de 30 mil prestadores. Depois, vendo que a educação e a saúde paralisaram, foi obrigado a recontratar vários deles.
E houve o rumoroso caso dos cerca de 300 agentes penitenciários temporários. Depois de mandar os servidores para casa, o governador foi obrigado a recuar, ante o risco de um problema ainda maior nos presídios do Estado, que ficariam sem qualquer vigilância. Era iminente uma rebelião nos presídios, com a possibilidade de uma fuga de presos em massa.
Alguns meses depois, veio aquela suspeitíssima e célebre compra de livros, por um valor milionário acima de R$ 11 milhões. E tudo sem a necessária licitação. Era uma operação claramente escandalosa. Diante de toda a pressão popular, o governador RC foi obrigado a revogar a compra, sem dar qualquer explicação à opinião pública. Deu o dito pelo não dito.
É imperioso registrar o recente incidente envolvendo o senador Cássio Cunha Lima. Durante a audiência com o ministro Fernando Bezerra (Integração), o governador deixou o tucano na antessala e entrou apenas com seus auxiliares. Diante de toda a repercussão negativa, recuou dizendo que não sabia que o senador também queria participar do encontro com o ministro.
Agora, ocorreu o mesmo com a Medida Provisória nº 193. O Governo editou a MP, enviou para a Assembleia e pressionou por sua aprovação. Só recuou depois que Imprensa, oposição e professores denunciaram a agressão ao PCCR do magistério. Sob pressão, o governador RC deu meia volta, mesmo após ter afirmado que tudo era apenas factoide.
Portanto, meu caro Paiakan, já que esse comportamento indo e voltando depende de pressão, não seria o caso do governador recuar também nesse aumento escandaloso da Cagepa? Ora, em um ano e quatro meses de Governo, a tarifa sob gestão girassol saltou 26,6%. A indignação é intensa na opinião pública. Por que o governador não recua e revoga o aumento?
Afinal, ir e voltar não é nenhuma novidade. E o governador ainda atenderia um apelo dos consumidores injuriados com mais esse saque ao seu bolso, num período em que a inflação subiu menos de 9%. Se não recuar, os paraibanos vão terminar se convencendo de que a Cagepa está sendo capitalizada para ser privatizada. Há uma cachoeira de suspeitas a esse respeito.