Uso de dados das redes sociais em campanhas eleições, confira com Palmarí de Lucena
O uso de informações de usuários de redes sociais para fins nem sempre republicados é o tema do mais recente comentário do escritor Palmarí de Lucena, que se reporta ao escândalo envolvendo a empresa Cambridge Analytcs e o Facebook, na campanha eleitoral que guindou Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Confira a íntegra de seu comentário “O hábito faz o monge”:
Quando pensávamos que já ouvíramos tudo sobre a toxicidade política da extinta Cambridge Analytcs, eis que surgem novas revelações sobre práticas ilegais e o uso indevido de preferências de usuários de redes sociais, para criar perfis de eleitores e direcionar mensagens políticas a indivíduos durante campanhas eleitorais. Foi Christopher Wylie, ex-diretor de pesquisas da empresa, que denunciou eventualmente as práticas questionáveis introduzidas durante a campanha presidencial dos E.U.A.
A Cambridge Analytcs entrou no processo eleitoral em 2014, estimulada por Steve Bannon, o criador da rede de notícias da direita alternativa conhecida como “alt-right”. O operador político deu apoio material aos esforços de Wylie para o desenvolvimento de uma metodologia utilizando “big data” (megadados) e mídia sociais para influenciar o eleitorado, apoiar movimentos populistas de extrema direita, disseminar teorias de conspiração e fake news. Mensagens políticas cáusticas fomentando a estirpe de extremismo nacionalista crescente em países democráticos.
Durante a conferência Business of Fashion’s Voices, na Inglaterra, Wylie revelou que antes de trabalhar com pesquisas de dados, ele estudara para um doutorado em moda com foco em tendências de modelagem. Embora correlacionar preferências pessoais a padrões de votação não seja uma novidade, a Cambridge Analytics entendeu ao conseguir os dados do Facebook, “que as grifes eram realmente úteis na produção de algoritmos sobre como as pessoas se sentem ou pensam”.
As revelações de Wyllie sugerem que o uso mais informado e agressivo de dados sobre preferências de moda, ultrapassou o escopo das pesquisas realizadas por candidatos nas primarias de 2016. Enquanto usuários do Instagram, Facebook ou fotógrafos de selfies se preocupavam com o uso indevido de seus cartões de crédito, influenciadores políticos munidos de informações obtidas indevidamente trabalharam sutilmente para persuadi-los ou dissuadi-los de exercer suas opções eleitorais.