Vergonha nacional: Fantástico traz caso de paciente que morreu por falta de macas
Tudo bem, alguns podem argumentar: mas, foram “apenas” três minutos de Fantástico, ao longo de uma extensa reportagem de 27 minutos, envolvendo vários Estados do País. Porém, que vergonha a Paraíba voltar a noticiário nacional, com o caso do paciente que morreu em Campina Grande, por falta de macas nas ambulâncias do Samu, que estavam retidas indevidamente no… Hospital de Trauma.
Essa é uma vergonha. Porque o problema não é de hoje, e nem acontece ocasionalmente. Na Paraíba, não tem sido exceção. Tem sido comum a falta de macas, impedindo o Samu de socorrer as pessoas, porque elas ficam retidas no… Hospital de Trauma. E quando a Imprensa local denuncia, o Governo do Estado usa surrado argumento de ser orquestração da oposição. O Fantástico revelou de quem é a orquestração.
A saúde do Estado tem um tratamento medieval. O que mais importa não é o atendimento decente das pessoas que mais precisam, mas os números. O que eram “apenas” R$ 4,4 milhões em gastos com o Hospital de Trauma de João Pessoa, por exemplo, são atualmente perto de R$ 9 milhões, ou até mais segundo alguns levantamentos feitos pela Comissão de Saúde da Assembleia. E não dá.
O que falta em macas nos hospitais, sobra em placas pelo Estado afora. Pena que os pacientes não possam ser transportados em placas, porque ai não iria faltar…
Eis o trecho da reportagem do Fantástico (a partir do ponto 6:15 minutos do vídeo do programa, em http://goo.gl/arRWSL.), que fala da morte de um paciente, e a falta de macas em hospitais do Estado:
“Em Campina Grande, o Samu é coordenado pelo município.
Fantástico: Você tem, atendendo a população de Campina Grande, quantas ambulâncias?
Hermano Barbosa de Lima (coordenador médico do Samu de Campina Grande): Dez ambulâncias.
Fantástico: E você já chegou a ficar com quantas paradas por falta de maca?
Hermano Barbosa de Lima: Dez ambulâncias paradas. Para cada unidade, nós temos uma reserva. Quando o serviço fica 100% inviável, é porque, além das dez macas reservas, ficaram também as dez macas oficiais da unidade retidas no hospital.
Fantástico: Ou seja, você já chegou a ter 20 macas retidas dentro do Hospital de Traumas?
Hermano Barbosa de Lima: Rotineiramente.
Fantástico: Vocês já entraram em contato com o hospital para falar sobre esse problema?
Hermano Barbosa de Lima: Sim. Além disso, uma vez a maca ficando presa, a equipe que se encontra presa sai do hospital, vai para a delegacia, faz um Boletim de Ocorrência para documentar.
O Hospital de Traumas é de responsabilidade do governo da Paraíba. O secretário diz que as macas ficam presas, porque o Samu manda pacientes para lá que poderiam ir para unidades mais simples e não avisa os médicos.
“Na medida em que você tem uma ambulância direcionada a qualquer serviço sem ter a regulação médica, sem preparar o hospital, obviamente que essa ambulância, ela terá que esperar a liberação da maca. Essa responsabilidade não pode ser do hospital, ela não deve ser do hospital. É como se você tivesse preparado para receber cinco pessoas na sua casa para almoçar e chegar 50”, afirma o secretário de Saúde da Paraíba, Waldson de Sousa.
“Eles acham que a gente sempre coloca o paciente lá, o que não é uma verdade. Nós trabalhamos aqui com uma grade de referência hospitalar. A gente tenta poupar a todo momento, colocar paciente que pode ficar em outro hospital ao invés de colocar lá no trauma”, afirma o coordenador do Samu de Campina Grande, Hermano Barbosa de Lima.”