Violência na Paraíba é mais do que incompetência do Governo, é perversidade
A epidemia de violência na Paraíba já não é apenas mais uma questão de incompetência do Governo do Estado. Qualquer pessoa em sã consciência já sabe que o Governo não sabe combater a bandidagem. Mas é, sobretudo, uma questão de perversidade, na medida em que o governador Ricardo Coutinho e seus secretários ficam propalando a lorota de estarem reduzindo a criminalidade.
Vão perguntar aos parentes do empresário Michel Lima, assassinado na noite de ontem (quarta, dia 28), em Cabedelo, se a violência diminuiu. Não apenas não diminuiu, como caminha para a barbárie. Quem viu as imagens do crime, percebe quanto o empresário age com tranquilidade e entrega o dinheiro, sem esboçar qualquer reação e, mesmo assim, o bandido atira.
Atira, primeiro, por ter a percepção da impunidade. Depois, porque estamos presenciando um momento de banalização da vida no Estado. As pessoas deixaram de ter identidade social e passaram a ser apenas número de estatística de homicídios. Nesses primeiros cinco meses de 2015, por exemplo, sabe-se que aproximadamente 600 pessoas foram assassinadas no Estado.
Nem o Estado Islâmico com toda a sua crueldade tem números assim. Mas, o Governo Ricardo Coutinho insiste em tentar jogar esse tipo de informação para debaixo do tapete. Ora culpa a mídia, ora responsabiliza a oposição. Uma reação típica do percerso. Porque, se derem mesmo crédito ao Governo, as pessoas seguirão ainda mais expostas à violência. O governador insiste em combater a criminalidade a golpes de mídia.
Toda a Paraíba lembra como, nas eleições de 2010, o então candidato afirmava que a segurança era apenas uma questão de gestão e ele iria conduzir pessoalmente o combate à violência. Pedia apenas seis meses para resolver o problema. Caminhamos para seis anos, e estamos presenciando o que talvez seja o momento mais violento porque a Paraíba já passou em sua história.
Não existe rigorosamente nenhum paraibano, um parente seu ou um amigo que não tenha uma história pra contar de violência. Da mais simples, como o roubo de celulares, que o Governo nem mais se dá ao trabalho de registrar Boletim de Ocorrência, ao latrocínio, este o crime da “moda” no Estado. Então é esse o Estado que queremos mesmo? É esse o Estado que queremos para nossos filhos?
Agora, se em quatro anos demos o “grande salto” de elevar João Pessoa de 29ª para 4ª cidade mais violenta do mundo, então o que esperar dos próximos quatro?
Óbito – Michel Lima (26 anos) foi baleado com um tiro no rosto, durante o assalto, como se pode ver nas imagens. Foi socorrido ainda com vida para o Hospital de Trauma em estado gravíssimo. Informações da madrugada trouxeram o trágico da notícia: ele não resistiu e morreu.