VITÓRIA INCONTESTE Bolsonaro vence a “guerra” no Congresso, ganha fôlego para reformas, dificulta impeachment, mas terá de administrar relação
Não dá pra não reconhecer. É, antes, uma obviedade. A eleição do deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), para a Câmara Federal, e de Rodrigo Pacheco (Dem-MG), para a presidência do Senado Federal, representou uma dupla vitória do presidente Bolsonaro. Mas, é importante atentar para o fato que o Congresso Nacional se conduz por interesses muito particulares dos parlamentares. Tem sido assim.
No primeiro momento, é previsível que a Câmara e o Senado apresentem um desempenho favorável às pautas da Presidência. De cara, irão ficar no freezer, ou até serem descartados, os mais de 60 pedidos de impeachment contra Bolsonaro. De quebra, é bem possível que o Planalto consiga estartar as reformas que estavam encalhadas por imposição do ex-presidente Rodrigo Maia (Dem-RJ).
Essa relação civilizada do presidente com o Congresso deverá se manter à medida em que houver a reciprocidade tão ambicionada pelos deputados e senadores. Eventuais frustrações com os acordos celebrados, durante as negociações em favor das candidaturas de Lira e Pacheco, poderão fazer emergir o mal humor de setores, digamos, mais ávidos do Congresso, e as hostilidades poderão recrudescer.
No resumo da ópera, Bolsonaro ganha uma trégua na queda de braço com o Congresso. Mas, isso pode não ser para sempre, diante das demandas e da necessidade de apertar o cinto das despesas do governo. Portanto, até onde a vista alcança, administrar o evidente apetite de alguns parlamentares, sem comprometer o orçamento da União, deverá ser a tarefa mais difícil dessa relação.