O QUE ESTÁ EM JOGO – O recado do PT, a movimentação de Lula e o risco de isolamento de João para a disputa do próximo ano
Pode até não ter esse o objetivo, meu caro Paiakan, mas o fato é que as declarações do presidente do PT Jackson Macedo sugerem uma estratégia de isolar, politicamente, o governador João Azevedo.
Apesar de louvar o apoio de João à pré-candidatura de Lula, Jackson ressalvou que não será possível um palanque com a presença de lideranças do Dem e do Progressistas. Ou seja, Efraim Filho e Aguinaldo Ribeiro.
Claramente: “O Progressistas é o principal sustento do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Ciro Nogueira além de ser ministro tem convidado constantemente o presidente a se filiar ao partido.”
E arrematou: “É muito difícil para o PT estar construindo uma relação de coligação para o próximo ano com partido que caminhos com projetos diferentes da esquerda.”
E aqui uma revelação de Jackson: “Tanto o governador, quanto a liderança nacional do PT e o presidente Lula não iniciaram ainda os debates e a tática eleitoral para o próximo ano.”
Então, João ainda não foi convidado pra conversar. Apesar de Lula já ter se encontrado e dialogado com Ricardo Coutinho, Veneziano Vital do Rego e Luciano Cartaxo. Todos, em maior ou menor grau, adversários de João.
Então, a senha seria João se livrar dos parceiros, digamos, incômodos, para poder ter o “privilégio” de poder apoiar e construir um palanque para Lula no Estado.
O PT da Paraíba, como se sabe, faz parte da base do governador João Azevedo, inclusive titulando a secretaria de Agricultura Familiar, com o ex-vereador Bivar Duda, indicado pelos deputados Frei Anastácio e Anísio Maia.
Como é iminente o retorno do ex-governador Ricardo Coutinho ao PT, e como também é notória sua rejeição a João Azevedo, a quem sempre se reporta como “traidor”, o governador, pelo visto, terá de fazer uma escolha difícil…
Ou mantém a aliança com o PT e enxota aliados como Efraim Filho e Aguinaldo Ribeiro, correndo o risco de ser enquadrado por Ricardo Coutinho…
Ou, eventualmente, mantém seus aliados do Progressistas e Dem, perigando ser apeado do palanque pró Lula pelo ex-governador, mais adiante, no fragor da disputa.
No resumo da ópera, meu caro Paiakan, a impressão reinante na praça é da existência, deliberada ou não, de isolar politicamente o governador para a disputa do próximo ano.