HÁ QUEM ACREDITE… Governador diz que comprou respiradores de empresa de maconha por não dominar o inglês
Foi talvez a explicação mais marota que um gestor já deu para justificar a compra de respiradores numa empresa fornecedora de derivados da canabis. Por incrível que possa parecer, meu caro Paiakan, o governador Rui Costa (PT-BA) disse à revista Veja que adquiriu os aparelhos, pagos e nunca entregues, quando presidia o Consórcio Nordeste, por não dominar bem o inglês.
Disse o governador, quando indagado sobre a compra fraudulenta pela delegada Luciana Caires, responsável pela investigação: “Confesso que não sabia e lá tinha representantes de produtos farmacêuticos. Estava essa denominação da empresa e não me chamou a atenção, no momento, pelo nome, até porque eu não tenho pleno domínio da língua inglesa. Portanto, eu não domino.”
E quando perguntado sobre encontros com Cleber Isaac, intermediário da compra dos aparelhos, Rui Costa negou, mas a delegada lembrou: “A gente analisou um aparelho de celular de uma das pessoas investigadas (Isaac) e nele consta o registro de que ele teria se encontrado com o senhor e teria conversado com o senhor sobre a aquisição de ventiladores mecânicos nacionais.” Rui, então, responde: “É mentira. Não é verdade“.
A empresa, como se sabe, é a Hempcare, sendo que “hemp” significa canabis, e o termo “care” remete a cuidado. O governador é investigado pelo Superior Tribunal de Justiça, por ter adquirido 300 respiradores à Hempcare, por R$ 48,7 milhões, pagos pelo Consórcio Nordeste (que reúne todos os estados nordestinos), mas os aparelhos, que deveriam ser usados durante a pandemia, nunca foram entregues.
De acordo com a PF, o processo de aquisição de 300 equipamentos seguiu com diversas irregularidades, como o pagamento antecipado de seu valor integral, sem que houvesse no contrato qualquer garantia contra eventual inadimplência por parte da contratada. Nenhum respirador foi entregue. Dos 300, 60 eram destinados à Bahia, e os 30 restantes rateados com os demais Estados integrantes do consórcio. (mais em https://bit.ly/3koOkX3)
O escândalo inspirou a deflagração da Operação Cianose pela Controladoria Geral da União e Polícia Federal que, nessa terça-feira, cumpriu 14 mandatos de busca e apreensão em Salvador (em condomínio de luxo), Distrito Federal, e nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.