GOVERNO DE CONTINUIDADE Contas de João foram reprovadas por ter seguido no início da gestão o mau exemplo de antecessor
Vamos combinar, meu caro Paiakan, a desaprovação das contas de 2019 do governador João Azevedo é um reflexo do mau exemplo deixado pelo ex-governador Ricardo Coutinho. João pode até ter aplicado os mínimos constitucionais com Saúde e Educação, mas foi um governo de fidelíssima continuidade de seu antecessor.
As práticas temerárias, para dizer o mínimo, patrocinadas por Ricardo Coutinho foram, no primeiro ano de governo de João, replicadas inteiramente, porque era uma gestão continuada. Até mesmo a equipe de governo era a mesma, sinalizando exatamente que o mentor da gestão de João, em seu primeiro ano, era o ex-governador.
Assim, João, em seu primeiro ano, manteve as organizações sociais, que, até aonde a vista alcança, provocaram um rombo colossal no erário estadual, numa dimensão ainda não bem aquilatada. João manteve a prática de contratação dos consignados, que formaram, durante os anos de Ricardo Coutinho, um exército de cabos eleitorais.
E João tinha pouco o que fazer. Se tivesse imposto nova equipe e modo de gestão diferente, seria tachado de ingrato e traidor. No fim, foi obrigado a mudar a equipe por pressão de resultados da Operação Calvário, que foi derrubando um a um os principais cardeais de Ricardo Coutinho. O Gaeco, na verdade, prestou um bom serviço a João.
Foi assim que caíram os girassolaicos Waldson de Souza, Ivan Burity, Livânia Farias e Gilberto Carneiro, dentre outros, que, se permanecessem no governo, certamente teriam dado continuidade ao modus operandi implantado por Ricardo Coutinho, num esquema desbaratado estrepitosamente pela força-tarefa da Calvário.
Quando João começou a conduzir sua gestão à sua feição, a partir da Calvário, diga-se, já tinha comprometido irremediavelmente o início de sua gestão. Então, a decisão do TCE é o preço que pagou por seguir o mau exemplo deixado por Ricardo Coutinho, pelo menos no quesito organizações sociais e codificados. É incontestável.
João se queixa que foi punido pelo TCE, após ter praticamente extinto o exército de codificados e afastado da gestão as organizações sociais, herdadas do antecessor. Mas, como visto, o Tribunal não perdoou os erros do início de seu governo.