ARREMATE DO DIA – A sutil diferença entre uma saca de feijão e outra de café
Contado por Eraldo Nóbrega. Os agentes fiscais costumam ser o assombro para muitos caminhoneiros. Há os condescendentes, os gratos e os literalmente arrochados. Entre estes últimos, havia um em Patos, que era muito próximo do velho Ernani Sátyro. Muito amigos, quase compadres.
Galim Assis era gigantesco e se impunha com o físico avantajado, deixando logo os motoristas intimidados. Sem nota fiscal, era multa na certa. Com ele, não tinha conversa.
Um dia, o caminhoneiro Chicão da Bala, temido pelas bravatas nos cabarés de Piancó, vinha com seu caminhão carregado até a proa, espalhando um cheiro intenso de café pela estrada, quando foi interceptado por Galim.
Galim pediu logo a nota e se surpreendeu: “Aqui diz que a carga é de feijão, mas o cheiro é de café!” Chicão foi ríspido: “Mas é feijão!” Ora, café é bem mais caro do que feijão. Desconfiado como sempre, o arrojado Galim mandou furar uma saca para verificar o conteúdo.
Chicão, então, puxou um revólver 38 da cintura, empurrou violentamente numa saca e trouxe vários grãos de café dentro do cano longo. Levou a arma até bem próxima do nariz de Galim e perguntou com violência: “É feijão ou não é?” Ai, Galim tossiu e respondeu: “E pelo jeitão é mulatinho de Irecê, na Bahia…”