CALVÁRIO SEM FIM Agora sabemos pra onde ia o dinheiro dos servidores do Ipep, do duodécimo e dos impostos mais altos do País
Nem deveríamos nos surpreender mais, meu caro Paiakan, após os tantos escândalos que temos testemunhado na Paraíba. Agora mesmo, vemos que o esquema criminoso infiltrado na Cruz Vermelha gaúcha e, oportunamente, desbaratado pela Operação Calvário, era apenas a ponta do iceberg. Os R$ 200 milhões de propina estimados pelo Gaeco no caso dessa organização social eram apenas uma fração da gatunagem generalizada.
Havia um lamaçal de roubo em praticamente todos os setores do governo Ricardo Coutinho. A fase 5 da Calvário mostrou como uma quadrilha se organizou para saquear o erário, principalmente na Educação e Saúde, áreas que deveriam ser sagradas para qualquer governante honesto. Um assalto institucionalizado contra o bolso do cidadão que, nos últimos oito anos, pagou (e ainda paga) os impostos proporcionalmente mais altos do País.
Aliás, agora sabermos o porquê de governo girassol ter aumentado tantos impostos na Paraíba. Agora é que conseguimos entender o motivo de ter se apropriado do duodécimo da UEPB em quase R$ 500 milhões. Não apenas da UEPB, mas também dos demais poderes. Agora sabemos porquê surrupiou parte dos salários dos servidores do Ipep. Agora sabemos por que terceirizou a Saúde e a Educação.
Era tudo para alimentar a bocarra de uma quadrilha insaciável, que não tinha qualquer remorso ao saber que cada centavo retirado da Educação significava alunos a menos nas escolas, e adolescentes a mais nas ruas à mercê da criminalidade. E aqui também entendemos a razão do fechamento de tantas escolas, sob a vil justificativa de uma famigerada “adequação” da rede estadual. Era apenas parte de uma rapinagem despudorada.
A quadrilha não recuou mesmo sabendo que cada centavo a menos na Saúde representava mais vidas sacrificadas por falta de assistência em hospitais. E, aqui, vale indagar: quantos paraibanos pereceram pela falta de recursos e, especialmente, quem pagará por essas vidas?
Agora se vê, enfim, meu caro Paiakan, como o dinheiro foi larapiado dos cofres públicos. Esse dinheiro sujo de sangue era usado para bancar a orgia de marginais que se banquetearam em viagens, hotéis de luxo e compras de grifes, carrões, mansões e sabe-se lá o que mais, talvez até drogas. O Gaeco mostra, a cada fase da Operação Calvário, que essa era a moda nesse governo de trevas.