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O clima ficou realmente muito carregado entre o governador Ricardo Coutinho (e sua família) e o vice-governador Rômulo Gouveia. De quebra, ao anunciar seu apoio ao senador Cássio Cunha Lima, Rômulo foi acusado de traição pelo presidente do PSB, Edivaldo Rosas. Logo depois, o governador mandou exonerar todos os assessores do gabinete da Vice-Governadoria.

A exoneração sai no Diário Oficial deste sábado (dia 28), e trouxe o afastamento de todos os assessores, o chefe de gabinete e até mesmo o motorista que atendia a Gouveia. Indignado, o chefe de gabinete Hermano Moura emitiu nota repudiando o desmonte da Vice-Governador. De imediato, Sandra (irmão do governador Ricardo) Coutinho postou em seu face uma declaração pra lá de pesada contra Rômulo.
Confira…

“O importante é resistimos para a presidente Dilma Rousseff ter um palanque na Paraíba. Então, apesar de todas as dificuldades e da própria obstinação do PT estadual em recusar aliança com PMDB, nós estamos dispostos a manter a candidatura”. Essa foi a declaração do senador Vital Filho, após ser convencido pelos deputados do PMDB para manter a candidatura ao Governo.

Vital manteve, nas últimas horas, vários contato com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, a quem relatou as dificuldades locais para preservar a aliança com os petistas. Mas, foi assegurado, mais uma vez, que o PT nacional poderá ir ao extremo da intervenção no diretório estadual, caso mantenha o apoio à reeleição do governador Ricardo Coutinho.

Quando tudo caminhava para uma convenção morna do PMDB eis que surge um fato novo, causando outra reviravolta antes da convenção marcada para este domingo, no Clube Cabo Branco. Das três da madrugada, quando o partido fechou aliança com o PSB de Ricardo Coutinho, aos primeiros dias da manhã de hoje (dia 29), deputados se rebelaram.

Segundo o deputado Trócolli Júnior, “são os parlamentares que não aceitam a aliança com o governador RC”. Eles conseguiram convencer o senador Vital Filho a manter a candidatura ao Governo do Estado, que havia renunciado na noite anterior, após obterem a informação de que um dirigente do PT nacional veio a João Pessoa para participar da convenção do PMDB e assegurar coligação na proporcional.

Passava das três da manhã desta madrugada quando o PMDB e PSB bateram o martelo da aliança para a chapa majoritária e proporcional. A deputada Nilda Gondim aceitara compor a chapa como candidata a vice-governadora de Ricardo Coutinho. Nilda foi a escolhida após o ex-prefeito Veneziano declinar da proposta de Ricardo para ele ser o vice.

As três da manhã foi disparada uma ordem para mudar todas as faixas e cartazes da convenção do PMDB, marcada para este domingo (dia 29), no Clube Cabo Branco. Pela manhã de ontem, as faixas traziam o nome do senador Vital Filho como candidato a governador. Foram encomendadas novas apenas com nome dos deputados e a indicação ao PMDB.

O prefeito Luciano Cartaxo revelou clara indignação com a intenção do PMDB insistiu em manter a aliança com o PT. Segundo Cartaxo, “o PMDB não pode ficar brincando de fazer eleição, pois num dia o partido tem candidato, no outro o candidato renuncia e tem outro, isso mostra a instabilidade que o partido vive, e o PT não pode entrar nessa”.
Cartaxo também disse não acreditar que “a direção nacional do PT irá promover uma intervenção na direção estadual, para impedir a aliança com o governador Ricardo Coutinho”. Na manhã desta sexta (dia 27), Cartaxo revelou que levou todas essas impressões para a reunião que ocorreu, na noite de ontem, com a direção do PMDB: “Foi uma conversa franca.”

O ex-secretário Lúcio Flávio Vasconcelos, um aliado de primeira hora do governador Ricardo Coutinho, e um dos que romperam com ele nos últimos meses, foi dos primeiros a se posicionar sobre o rompimento do vice-governador Rômulo Gouveia para apoiar o senador Cássio Cunha Lima. Segundo Lúcio Flávio, Rômulo “impôs uma dura derrota ao esquema de reeleição de Ricardo Coutinho”.
Lúcio Flávio lembra que Rômulo, na condição de vice-governador, sempre defendeu a administração do governador Ricardo Coutinho, e deu a entender que ele foi atropelado por RC. Lembra ainda o ex-secretário que o PSD de Rômulo tem grande capilaridade no Estado e causa um estrago considerável à campanha do governador.

O Governo Ricardo Coutinho decidiu reagir rapidamente à decisão de rompimento do vice-governador Rômulo Gouveia. O secretário Luís Torres (Comunicação), porta-voz do governador, classificou a decisão de Rômulo como o “episódio de traição mais forte da política paraibana”. E que RC sequer foi comunicado do rompimento de seu vice.
“Foi uma decisão tomada na calada da noite, ele sequer teve coragem de olhar nos olhos do governador para avisar de seu entendimento com o PSDB”, disse Torres, pontuando que o rompimento “foi uma surpresa” para o governador, e afirmou que Rômulo sabia dos entendimentos com o PT, para a indicação de Lucélio Cartaxo para senador na chapa do PSB.

Não se faz omelete sem quebrar os ovos. Foi o que, pelo menos em princípio, ocorreu com o vice-governador Rômulo Gouveia, ao anunciar seu rompimento com o governador Ricardo Coutinho, após a adesão do PT à sua candidatura, com a indicação de Lucélio Cartaxo para o Senado. Segundo a Física, dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço, ao mesmo tempo.
Rômulo mandou bala no omelete: “Houve um brutal alijamento do processo de composição partidária. Ontem (quinta-feira, dia 26) nos enganaram e hoje nos vendem. Sempre nos desrespeitaram. O PSD não foi alijado só das articulações políticas, mas dos atos de governo porque fomos contrários às medidas tomadas nas últimas semanas, com a nomeação de muitos cargos.”

Em meio às turbulências das últimas horas, com a adesão do PT ao governador Ricardo Coutinho e a substituição da candidatura de Veneziano pela de Vital Filho no PMDB, duas doas notícias passaram praticamente despercebidas: o anúncio das obras na Beira-Rio e a concessão de 6,5% para o funcionalismo municipal.
A obra, uma das mais importantes em termos de mobilidade, consiste na construção de duas pontes sobre o Rio Jaguaribe, para acabar com as constantes interdições que ocorrem no local quando há chuvas e cheias no rio. Orçada em R$ 4,3 milhões, a obra anunciada pelo prefeito Luciano Cartaxo, terá uma elevação de dois metros e meio sobre o rio.

O deputado Trócolli Júnior deu a senha, após mais uma rodada de conversações entre integrantes do seu partido: “Nós, que formamos um grupo de deputados contra qualquer acordo com o governador Ricardo Coutinho, decidimos que, se o PT não fechar a aliança com o PMDB na proporcional, nós vamos abrir entendimentos com o PSDB.”
Segundo Trócolli, “sem uma aliança na proporcional, o PMDB vai passar dificuldades para eleger seus deputados estaduais e federais, então vamos aguardar qual será o efeito da decisão da direção nacional do PT em intervir na Paraíba, para sabermos se a aliança na proporcional será mantida, porque se não for, vamos ter que seguir outro caminho”.