CRONOLOGIA DO CALVÁRIO Depois de Leandro e Livânia quem será o próximo?
Talvez não se deva perder de vista, meu caro Paiakan, a cronologia que tem marcado a Operação Calvário, desde que desbaratou, em 14 de dezembro de 2018, o esquema criminoso infiltrado na Cruz Vermelha gaúcha, e que teria movimentado mais de R$ 1,7 bilhão. A cronologia pode dar pistas do que está por vir.
Leandro – O ex-assessor Leandro Nunes Azevedo foi preso em 1º de fevereiro. Durante um mês inteiro, houve especulações sobre delação, até que, em 1º de março, às vésperas do Carnaval, Leandro foi solto, após revelar grande parte do esquema criminoso, com modus operandi e nomes. Como resultado de sua colaboração, houve vários mandados de busca e apreensão, em 14 de março (15 dias depois)…
Leandro confirmou, entre outros, que, em 8 de agosto de 2018, ter recebido uma caixa de vinho com dinheiro em um hotel na orla do Rio de Janeiro, num flagrante gravado pelas câmeras de segurança do Ministério Público. A caixa foi entregue por Michele Louzada Cardoso, que atuava como secretária particular de Daniel Gomes da Silva, líder da organização criminosa.
Leandro também entregou sua ex-chefe Livânia Farias, revelando o recebimento de propinas e a compras de imóveis e automóveis, envolvendo vários de seus parentes.
Livânia – A ex-secretária Livânia foi presa a 16 de março (um mês e 15 dias após prisão de Leandro), em João Pessoa, quando retornava de uma viagem a Brasília e Belo Horizonte. Desde sua prisão, vicejaram especulações sobre a possibilidade de delação. Até que, em 23 de abril, ou seja, pouco mais de um mês depois, Livânia ganhou a liberdade vigiada, tanto quanto já ocorrera a Leandro.
Até onde a vista alcança, Livânia ofereceu contribuições decisivas aos integrantes do Gaeco (Ministério Público da Paraíba), tanto em relação ao esquema criminoso, quanto aos personagens envolvidos. As informações foram o suficiente para o Gaeco pedir sua liberdade, que foi prontamente atendida pela juíza Andréa Gonçalves.
Em sua decisão, a magistrada pontuou que não “subsistem mais os motivos autorizadores da medida extrema (prisão), notadamente porque as investigações imprescindíveis já foram encerradas”. Ou seja, a contribuição de Livânia foi considerada satisfatória, bem como as investigações que se desenrolaram a partir do que ela falou.
Risco – Pode-se deduzir, a partir dessa cronologia, meu caro Paiakan, que os próximos 15 dias serão de apreensão para alguns dos envolvidos no esquema criminoso. São aguardados mandados de busca e apreensão. E, até o final de maio, início de junho, o pior pode vir com a decretação de novas prisões… Ou até antes.