DÚVIDA NA CALVÁRIO Por que tantos juízes se averbam de julgar denúncias do Gaeco envolvendo Ricardo Coutinho e seus irmãos?
Já aconteceu antes. Mas, a pergunta que fica, e perguntar não ofende, é: por que tantos juízes se averbam suspeitos de julgar denúncias do Gaeco no âmbito da Operação Calvário? No caso da denúncia envolvendo desvio de recursos usando a empresa Lifesa, quatro juízes deixaram o feito, e terminou sendo recepcionado pela juíza Michellini Jatobá (8ª Vara Criminal).
Agora, novamente quatro magistrados se averbam suspeitos na 22ª denúncia do Gaeco, remanescente da Calvário, envolvendo o ex-governador Ricardo Coutinho, seus irmãos Coriolano, Raquel, Valéria e Viviani Coutinho, além de seus contraparentes Breno Dornelles Pahim Filho (esposo de Raquel), Breno Dornelles Pahim Neto e Denise Krummenauer Pahim.
A denúncia foi formulada pelo Gaeco por supostos crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Na sequência, a juíza Shirley Abrantes Moreira Régis (6ª Vara Criminal) se averbou suspeita, e, logo depois, também o juiz Antônio Maroja Limeira Filho, a juíza Ana Carolina Tavares Cantalice e, mais recentemente, o juiz Geraldo Emílio Porto (7ª Vara Criminal).
Com isso, a ação deve ser encaminhada para outro magistrado. Provavelmente à juíza Michellini Jatobá, como aconteceu no caso Lifesa.
Pra entender – De acordo com as investigações, houve tentativa de ocultação de bens, supostamente adquiridos com a propina desviada de recursos públicos, especialmente na relação com organizações sociais que atuavam na Saúde e na Educação. As investigações fizeram parte da 22ª denúncia no âmbito da Calvário.
Também foi identificado o entrelaçamento das famílias Coutinho e Pahim com o objetivo de desviar e ocultar recursos públicos. Os desvios teriam ocorrido entre 2011 e 2018. O Ministério Público está cobrando dos envolvidos, apenas nesta denúncia, R$ 3.376.268,31, supostamente desviados pelo esquema.
Ao todo, nas 21 denúncias oferecidas, o Gaeco estima em mais de R$ 373 milhões os recursos desviados pela organização criminosa.