Estelizabel: vitima ou vilã?
Essas eleições projetaram várias novas lideranças. Uma dessas novidades foi, sem dúvida, a jornalista Estelizabel Bezerra, até por ter chegado aonde chegou, mesmo não tendo passado pro segundo turno. Mas, há muita gente que indaga: ela foi vítima ou vilã, especialmente em relação ao prefeito Luciano Agra? Bem, depende.
Quando nosso ínclito, preclaro e insigne governador decidiu defenestrar Agra, Estelizabel certamente participou da história como vilã, na medida em que aceitou integrar uma operação para detonar com um companheiro de primeira hora. Talvez outra pessoa, com um senso de lealdade mais apurado e menos subserviente não aceitasse.
Mas, à medida em que o processo começou a tramitar, Estelizabel claramente foi deixando o papel de vilã para se transformar em vítima. Simples. Caso Agra fosse o candidato, ele certamente teria de enfrentar um bombardeio cerrado da oposição em cima de escândalos como Cuiá, Jampa Digital, Merenda, Gari e tantos outros.
Nessas circunstâncias, para sobreviver, Agra talvez tentasse se desvencilhar de parte da responsabilidade pelos escândalos, todos eles, sem dúvida, de elevada octanagem. A origem dessas mazelas, como se sabe, ocorreu na gestão de Ricardo Coutinho. Agra até devia saber. Mas, quem comandou tudo foi RC e os seus seguidores mais fieis.
Assim, ao longo da campanha, para sobreviver aos ataques, Agra talvez tivesse que jogar Ricardo Coutinho aos leões. Com Estelizabel foi diferente. Ela foi usada, durante toda a campanha, para defender a administração de RC. Então, à medida que ajudava a resgatar a imagem desgastada do seu padrinho, mais afundava na rejeição.
O governador escolheu a dedo sua ex-secretária, por saber de sua competência, sua capacidade de discernir e debater, ou seja expor as teses em favor de sua imagem tão desgastada. Estelizabel foi sua porta-voz na campanha. Então, nesse sentido ela foi muito útil, porque colocou seu talento a serviço da causa do governador.
Sendo cru: Estelizabel foi usada como anteparo aos ataques contra Ricardo Coutinho. Sem sua candidatura, a imagem dele teria saído ainda pior dessas eleições. Nesse sentido, ela claramente foi vítima. Mais que isto: vai lhe custar muito caro se livrar do fardo de ter sido apenas fantoche nas mãos do governador. Foi algo que grudou em sua biografia.