Judicialização das eleições leva o julgamento das urnas para os tribunais
A decisão do vereador Bira de registrar, em separado, a sua candidatura à reeleição junto ao TRE vai muito além do ato formal de defender uma legenda. É também o rito emblemático de uma das marcas do pleito que está apenas começando, que é o processo de judicialização.
Um sintoma que está claro na rebeldia do vereador Bira, miseravelmente defenestrado pelo seu partido, o PSB, por ter defendido a candidatura do prefeito Luciano Agra. Mas, também está patente em incêndios de maiores proporções em outras legendas, como PSC, PT e até o minúsculo PTN.
Em Campina Grande, por mais que a direção nacional do PT assegura estar mantida a coligação com o PP da candidata Daniela Ribeiro, são muitas as desconfianças. Claro, porque apesar de ser, em tese, matéria interna corporis, há duas decisões judiciais a favor de candidatura própria.
No PSC, uma rebelião contra o comando do presidente estadual, Marcondes Gadelha, levou o partido para uma espécie de limbo. De um lado, a militância que registrou a coligação com o PSDB de Cícero Lucena, indicando Ítalo Kumamoto para vice. De outro, a aliança com o PP.
A direção do PTN não deu sopa ao deputado Toinho do Sopão. Após o parlamentar anunciar aliança do partido com Cícero, a nacional interveio e levou a legenda para o apoio ao PSC da candidata Estelizabel Bezerra. Essa talvez a pendenga mais resolvida. Toinho jogou a toalha, ou o chapéu.
Mas, a verdade é que o pleito começa com muitas indefinições. Não se sabe se Bira terá legenda para disputar sua reeleição, como também é temerário arriscar um palpite de como ficará o PT de Campina Grande e o PSC de João Pessoa. A eleição está irremediavelmente judicializada.
E os políticos nem podem reclamar, porque foram eles próprios, com suas tantas atrapalhadas, que criaram essa situação e transferiram para a Justiça o julgamento, que deveria ser apenas nas urnas. Com a vontade do eleitor.