O Caso Urquiza, o silêncio conivente de Agra e o que não dá pra acreditar
Veja a minha inocência, meu caro Paiakan. Eu acreditei no secretário Alexandre Urquiza (Transparência), quando ele justificou que sua filha apareceu cadastrada no programa do Bolsa Família por ter se candidatado a uma casa no Minha Casa, Minha Vida, e entrado compulsoriamente no cadastro único do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
Acreditei até ler a nota do Ministério do Desenvolvimento Social, admitindo que realmente pessoas desempregadas e sem renda familiar mínima suficiente, ao pleitearem a compra de um imóvel do programa federal de aquisição de imóveis, entram automaticamente no cadastro único. Mas, isso só vale para pessoas em situação de pobreza e pobreza extrema. Para esses casos.
Eis o que diz a nota: “No caso do Bolsa Família, são contempladas as famílias que vivem em situação de pobreza e extrema pobreza (com renda per capita de até R$ 140,00 e de até R$ 70,00, respectivamente). Como a renda é autodeclarada, só recebe o benefício sem ter direito quem prestar informações falsas no ato do cadastramento.” O MDS insinua má fé na inscrição.
Foi a partir dai que deixei de acreditar no secretário. Quer dizer então que sua filha vive em situação de pobreza? Piorou quando se descobriu, meu caro Gilvan Freire, que praticamente toda a família Urquiza tinha uma bolsinha na Prefeitura de João Pessoa. Em seu domicílio, pai, filho e talvez até o espirito santo estão todos aninhados na Prefeitura de João Pessoa.
O pai é secretário e tem salário próximo de R$ 10 mil. O filho Vinicius Gonsalves Urquiza de Sá, lotado na Secretaria de Educação, tem renda de R$ 1.186,37. O genro James de Lima Guimarães, também plantado na pasta de Educação, recebe um adjutório de R$ 700. A prima Virgínia Elisabeth de Sá está no Gabinete do Prefeito, e ganha R$ 1.830,98.
E para concluir, a esposa Adriana Gonsalves Urquiza é prestadora da Prefeitura e recebe do Fundo Municipal de Saúde cerca de R$ 6 mil, até onde se pode apurar. Ai não deu mais para acreditar na versão do secretário para justificar sua filha vivendo em pobreza ou extrema pobreza, a ponto de precisar dos parcos reais do Bolsa Família, programa que deveria atender a pessoas realmente carentes.
Agora, pra arrematar mesmo, o que se torna inverossímil é o prefeito Luciano Agra ficar calado, justo ele tão falastrão, acostumado a peitar até mesmo seu tutor político, com suas tiradas hilárias, ficar em silêncio conivente, diante de um descalabro dessa magnitude.