O chá amargo de cada dia, confira com Palmarí de Lucena
O escritor Palmarí de Lucena tem se dedicado, nos últimos tempos, a colecionar imagens do alto, especialmente no Centro Histórico e na Orla de João Pessoa. É um acervo impressionante, colhido com o uso de drones. Uma de suas últimas abordagens são imagens do Pavilhão do Chá, tradicional atração do centro de João Pessoa que, apesar de passar por reformas recentes, não conseguiu recuperar o seu viço do passado, quando era uma das referências de João Pessoa.
Confira a íntegra de seu comentário “Chá amargo de cada dia”, abordando o tema, imperdível. Como sempre.
Sentada na base de um monumento, uma mulher visivelmente drogada. Perturbada pela nossa presença, expôs sua genitália. Ato lascivo seguido por ofertas de múltiplas possibilidades de sexo transacional ou outros deslizes da monotonia do cotidiano. A propaganda é a alma do negócio! Fotografando a praça, pedimos que não se preocupasse com o zumbido do drone prestes a decolar. Aproximando-se intempestivamente, um homem expressando perplexidade e suspeição sobre os motivos reais da nossa incursão. Deve ser um jornalista, concluiu com desdém.
Exploramos o belo jardim em busca de locais adequados para decolar e aterrar a aeronave. As copas das arvores, a rede elétrica e a proximidade do Palácio do Governo e do Tribunal de Justiça, apresentavam sérios desafios a manobrabilidade e o percurso para as fotografias da praça vista de cima. Resolvidas as dificuldades técnicas, nos deparamos com um problema causado pelo fator humano: profissionais do sexo e desabrigados aparentando sinais de dependência química, ziguezagueando sem rumo em todas direções, dificultando nossas manobras. Brigas, inclusive com agressões físicas, entre prostitutas, o belo coreto usado para o consumo drogas e ter relações sexuais com os “clientes”, reclamam os vizinhos. Cracolândia esperando acontecer…
O vereador Fernando Milanês declarou em 2009, que: “Não podemos admitir a degradação do nosso patrimônio. O Pavilhão do Chá foi recuperado, mas já notamos o retorno da prostituição […] É péssimo para os poderes olhar a prostituição à sua volta”. Condições idênticas ameaçam a sustentabilidade e a valorização turística do logradouro. Confiamos que o agora secretário de turismo do município, use o púlpito da sua pasta para promover segurança, serviços sociais e atividades turísticas no Pavilhão do Chá, apoiadas presencialmente por agentes públicos. Eventos sociais esporádicos nem resolverão, nem mitigarão a insegurança e o riscos inerentes as difusas situações de desabrigo, dependência química ou exploração sexual.