Padre manda carta a Lula denunciando calamidade na Paraíba
O Padre Djacy Brasileiro, conhecido por sua militância em favor da transposição do Rio São Francisco, decidiu entregar uma carta aberta ao ex-presidente Lula, por ocasião de sua visita à Paraíba, nesta terça-feira (dia 23), em que denuncia a calamidade que se abate sobre o Estado.
Num certo trecho, ele prega: “Há um cenário sombrio, desolador, porque não dizer cenário de morte? E a cada dia que passa, essa situação vai ficando dramática, calamitosa, deixando os sertanejos desesperados, angustiados, revoltados.” O padre pede que Lula sobre a obra da transposição, ora praticamente paralisada, a presidente Dilma.
A carta: “Lula, nosso ex-presidente da República, se possível, leia esta cartinha. Trata-se de um pedido de socorro feito pelas vítimas da seca, do sertão nordestino. Afinal, o senhor é nosso conterrâneo.
Conterrâneo Lula, o sertão nordestino está mergulhado numa seca braba, cruel, cujas consequências são devastadoras. Há um cenário sombrio, desolador, porque não dizer cenário de morte? E a cada dia que passa, essa situação vai ficando dramática, calamitosa, deixando os sertanejos desesperados, angustiados, revoltados.
Conterrâneo Lula, os sertanejos sofrem com as consequências nefastas desta seca terrível, principalmente no que diz respeito à falta de água. Ontem, um pai de família dizia-me: “padre, se não chover para o ano, vou embora para São Paulo, porque não vou matar minha família de sede. Pelos menos lá em São Paulo ,a gente tem água pra beber, lá ninguém morre de sede. Minha família está morrendo de sede.” Sua voz estava embargada e seus olhos lacrimejados.
Conterrâneo Lula, neste ano, nada de colheita. Os agricultores não colheram nada, nem milho, nem feijão, nem arroz, nem jerimum etc. Tudo é comprado graças ao dinheiro proveniente dos programas sociais do governo federal: bolsa família, bolsa escola. As vítimas da seca ainda podem contar com essa ajuda. Caso contrário, saques e outros atos similares, com consequências graves, estariam acontecendo.
Conterrâneo Lula, o sertão tornou-se palco de carniça, pois, por onde andamos, não vemos outra coisa a não ser animais mortos, uma demonstração visível da crueldade desta estiagem duradoura que castiga impiedosamente este pedaço chão nordestino. O sertão está mergulhado num grande flagelo, e os sertanejos se agonizam, pedindo socorro.
Conterrâneo Lula, expus toda essa realidade atual do sertão nordestino, de modo particular do sertão paraibano, para, em nome de milhares de sertanejos, pedir, até pelo o amor de Deus, que use de sua força política e moral, para pedir à presidente Dilma, pela transposição de águas do rio São Francisco, já que se trata de um projeto que poderá amenizar os efeitos catastróficos da seca.
Conterrâneo Lula, para os milhares de sertanejos, a transposição será uma das melhores alternativas para amenizar seu drama, em tempo de seca ou não. Recebendo as benditas águas do velho Chico, o sertão transformar-se-á num novo cenário: haverá água para o consumo humano e animal, prioridade das prioridades.