De repente, liberou geral no segundo turno em João Pessoa. O PMDB de Zé Maranhão liberou a militância. O mesmo ocorreu com o PSB do governador Ricardo Coutinho, o PEN do presidente Ricardo Marcelo, o PDT do deputado Damião Feliciano e o DEM do secretário Efraim Morais. Mas, é preciso observar que cada um deles liberou por uma razão distinta.

O PMDB, por exemplo, é claramente um partido dividido. Uma parcela vai votar em Luciano Cartaxo e outra, em Cícero Lucena. Optar por um dos lados desencadearia uma guerra fratricida. Liberar evitou o derramamento de sangue. Ainda que, aparentemente, possa favorecer o candidato do PSDB, uma vez que a especulação mais forte indicava apoio ao PT, não havia outra saída.

A decisão do PMDB de liberar a militância para o segundo turno, em João Pessoa, certamente não era o que o PT, do candidato Luciano Cartaxo, esperava. Até a semana passada, Cartaxo dava como certo esse apoio. Houve uma frustração de expectativas, que pode trazer alguns prejuízos, mesmo para quem virou pro segundo turno com uma margem magistral.

O candidato Cícero Lucena ganha fôlego, e não apenas com a decisão do PMDB. É fato que o tucano dava como perdido o apoio de peemedebistas. Agora, com a decisão de liberar a militância, é até possível que consiga uma maior fatia do bolo. Afinal, durante toda a campanha, havia mais afinidades entre os candidatos Cícero e Maranhão, do que Maranhão e Cartaxo.

Além do mais, ricardistas mais revoltados com Agra andaram propalando em privado, nesse feriadão, que o governador está preparando um bombardeio de elevado poder de destruição contra o prefeito. Ricardo, pelo visto, não perdoa mesmo a rebeldia de Agra, a quem considera sua criatura.

Não será surpresa se o ex-governador Zé Maranhão anunciar, nesta segunda-feira (dia 15), a decisão de liberar a militância do PMDB com relação a apoios no segundo turno. Isto poderá ocorrer, apesar dele ter se encontrado muito próximo de anunciar apoio ao candidato Luciano Cartaxo.

Não é novidade que, nos últimos dias, o ex-candidato do PMDB sofreu uma pesada pressão de várias libras da parte de alguns deputados do partido e da cúpula nacional (leia-se o vice-presidente Michel Temer), para anunciar parceria com a candidatura do petista Luciano Cartaxo.

O que teria alterado o curso dos acontecimentos? Bem, primeiro a existência de um contingente não desprezível de peemedebistas favorável ao voto no candidato Cícero Lucena. Eles se manifestaram, inclusive, a partir das redes sociais, denunciando frustração com a opção Cartaxo.

Duas mulheres emergiram fortes das urnas 7 de outubro: Estelizabel Bezerra, em João Pessoa, e Daniella Ribeiro, em Campina Grande. E é curioso porque ambas sofreram um revés na eleição. Estelizabel aproveitou muito bem a oportunidade que lhe foi dada pelo PSB. Daniella sabia das dificuldades que seria enfrentar duas forças em confronto, mas mostrou personalidade.

Estelizabel conseguiu construir uma boa imagem perante o eleitorado, como uma pessoa realmente competente e compromissada. Sua campanha foi marcada por uma ironia. Para entrar na disputa precisou da força de seu padrinho Ricardo Coutinho. Graças a essa chance, pode expor seu potencial. No final, foi atropelada pelo desgaste do governador e não pode avançar mais.

O que será que a presidente Dilma tem contra a Paraíba? De todos os presidentes eleitos do Brasil, desde a redemocratização, Roussef foi a única que não se dignou a por seus pés no Estado. Não é pouco. Sarney, Collor, Itamar Franco, FHC e até Lula vieram várias vezes à Paraíba. Dilma, jamais.

E olha que já prometeu vir várias vezes, desde os tempos em que foi candidata. Só pra lembrar: Dilma esteve no Rio Grande do Norte, Ceará e Pernambuco, mais de uma vez, apenas para citar os três que fazem fronteiras com a Paraíba, cruzou nosso espaço aéreo, mas evitou descer no Estado.

Nessas eleições, a presidente andou pedindo votos para candidatos do PT em vários Estados, mas tem tratado a Paraíba como se não existisse no mapa do Brasil. E olha que João Pessoa é uma das poucas capitais do País, onde o PT tem reais condições de vencer a parada de segundo turno.

O que terá levado o deputado Edmilson Soares, um dos mais leais parlamentares do governador Ricardo Coutinho, a anunciar apoio ao senador Cícero Lucena? Essa é a indagação que muitos têm feito, desde que ele formalizou adesão à candidatura do tucano. Não apenas ele, mas todo grupo de lideranças que segue orientação política em João Pessoa.

Edmilson já foi, num passado não muito remoto, aliado do tucano. Edmilson trocou recentemente do PSB do governador, pelo PEN de Ricardo Marcelo, que também sinaliza apoio a Cícero. Mas, a indagação é: Edmilson teria consultado o governador antes de tomar a decisão? Pessoas próximas do parlamentar revelam que RC foi cientificado. E não reclamou.

A Justiça Federal acaba de condenar o Governo Ricardo Coutinho a regularizar, imediatamente, a distribuição de medicamentos de uso continuado, sob pena de pagar uma multa diária de R$ 10 mil. A decisão é resultado de várias ações públicas ajuizadas no âmbito do Ministério Público Federal, através do procurador Duciran Farena.

A decisão da Justiça já se encontra em fase de execução, e não cabe mais recurso ao Governo do Estado. O MPF, inclusive, vai promover no próximo dia 31, na sede da Procuradoria da República.

O PMDB (leia-se Zé Maranhão) não anunciou ainda a sua decisão em relação ao segundo turno pela simples razão que ainda não se decidiu. O partido continua dividido entre três possibilidades: apoio a Cícero Lucena, apoio a Luciano Cartaxo ou simplesmente liberar a militância.

É visível que parte dos parlamentares do partido já optou pela parceria com o candidato do PT, e alguns até já se manifestaram publicamente. Mas, outros peemedebistas, inclusive com alguma influência sobre o candidato, apresentam uma tendência diferente, em favor do senador Cícero.

Temperatura máxima na passagem do governador Ricardo Coutinho por Campina. É que durante seu pronunciamento, o senador Cássio Cunha Lima ponderou que o Governo RC não investiu mais na cidade, nos últimos dois anos, por causa do prefeito Veneziano, que é de oposição. Uma alusão de que essa relação poderá mudar, caso seu candidato Romero Rodrigues, aliado de RC, ganhe a eleição.

A reação do prefeito Veneziano foi imediata, via twitter: “Enfim, o Grupo dos 20 anos (referindo-se ao grupo Cunha Lima) assumiu Ricardo Coutinho, afinal são responsáveis por avalizarem o ditador e algoz de Campina. Seria risível, cômico mesmo, se não fosse trágico ver um péssimo Governador em dois anos se repetir com as mesmas promessas a Campina. Reflitam.”

Impressiona a coragem do governador Ricardo Coutinho ter ido a Campina Grande, nesta quarta (dia 10), para apresentar um pacote de promessas de praticamente as mesmas obras que havia prometido no ano passado.

Eis o que dizia o portal do Governo, em 2011: “Em solenidade alusiva aos 147 anos de emancipação política de Campina Grande, o governador Ricardo Coutinho lançou, na tarde desta segunda-feira (10), um pacote de obras e intervenções de mais de R$ 25 milhões…”

Eis o que diz o mesmo portal, agora: “O governador Ricardo Coutinho apresentou na manhã desta quarta-feira (10), um pacote de obras que representam um investimento de mais de R$ 318 milhões, em Campina Grande. Em solenidade no auditório do Hotel Garden, em comemoração ao aniversário de 148 anos do município…”