QUANTAS VIDAS SERIAM SALVAS? Gaeco estima em R$ 200 milhões a propina bancada com recursos da Saúde pela organização criminosa
O valor é astronômico, pelo menos em termo de Paraíba, mas, a julgar pelo que projeta recuperar o Gaeco no âmbito da Operação Calvário, dá pra se ter uma ideia do tamanho do rombo causado pelo esquema criminoso infiltrado na Cruz Vermelha gaúcha e Ipcep, desbaratado pela força tarefa. O Gaeco espera devolver R$ 200 milhões aos cofres públicos, com o avançar das investigações. Ou seja, esse teria sido a cifra das propinas.
De qualquer forma, uma pequena parte já foi recuperada. Na semana passada, quando anunciou a denúncia contra o ex-procurador Gilberto Carneiro e sua ex-assessora, Maria Laura Caldas de Almeida Carneiro, por peculato e lavagem de dinheiro, o Gaeco também revelou a recuperação de R$ 5 milhões. Ou seja, uma pequena fração do que a organização criminosa desviou. Mas, pelo menos foi o início.
Segundo o procurador Octávio Paulo Neto, coordenador do Gaeco, os recursos já foram disponibilizados para ficar à disposição da Justiça e, portanto, para voltar aos cofres públicos, de onde foram criminosamente desviados. Agora, meu caro Paiakan, imagine o que seriam R$ 200 milhões a mais na área de Saúde do Estado, e quantas vidas poderiam ter sido salvas se o dinheiro não tivesse sido desviado para o bolso dos bandidos.
Denúncia – Em sua denúncia contra Maria Laura Caldas, o Gaeco apontou que ela teria recebido remuneração como assessora da Procuradoria-Geral do Estado, “sem a efetiva prestação do serviço”, entre julho de 2016 e abril de 2019, com um desvio estimado em R$ 112.166,66, durante o período de julho de 2016 a abril de 2019”. No fim, restou comprovado pelas investigações que ela não compareceu ao trabalho, mas foi beneficiada graças à leniência da chefia do ex-procurador-geral do Estado.
Maria Laura também teria recebido propina da organização criminosa e, segundo o Gaeco, e ocultou sua origem ilícita, por meio da aquisição de patrimônio próprio em seu nome e de terceiros, como foi o caso de propriedade no assentamento Nego Fuba, em Santa Terezinha, Constam também um rebanho de gado, uma casa situada na Praia do Amor, no Conde, quatro terrenos no loteamento Fazenda Nova, em Santa Terezinha, e de um veículo tipo caminhoneta.
Conforme a denúncia do Gaeco, “os dois denunciados (Gilberto e Laura) também estão envolvidos com uma organização criminosa que atua na Paraíba há, pelo menos, onze anos, com atuação destacada no governo estadual”. Outras condutas consideradas criminosas ainda estão sob investigação e deverão ser tratadas em denúncias posteriores, após o encerramento das diligências ministeriais.