RC: entre o rancor e a arrogância
O governador Ricardo Coutinho, aparentemente, ainda não conseguiu afinar sua bússola após a amarga derrota em João Pessoa. Logo que assentou a poeira das urnas de primeiro turno, ele afirmou, num evidente tom de amargura, que a cidade iria passar por um retrocesso, diante das opções de Luciano Cartaxo e Cícero Lucena.
Mas, há poucos dias, ofereceu uma declaração curiosa. Ante a possibilidade de uma vitória de Cartaxo, de acordo com as últimas pesquisas, o governador afirmou que todos os projetos do candidato eram seus. Quis, é claro, passar a impressão de que o petista não tinha criatividade, pois teria se apropriado de suas ideias administrativas.
Das duas, uma: ou o governador esqueceu do que dissera sobre Cartaxo (e também Cícero) representar o retrocesso para João Pessoa, ou passa a admitir que o petista poderá realizar uma boa gestão, porque pretende copiar seus projetos. Uma mudança radical no espaço de apenas quinze dias. Mostra falta de firmeza no que diz.
Na verdade, suas declarações foram confusas, mas não surpreendentes. Na primeira, passou todo seu rancor pelo fato do prefeito Luciano Agra, seu desafeto mais recente, ter emplacado Cartaxo contra sua candidata. Na segunda, não conseguiu esconder a arrogância de quem imagina que o mundo só vai dar certo se for com a sua cartilha.
E essas são claramente características muito marcantes de sua personalidade. A raiva quando se sente contrariado e a arrogância por se imaginar o ungido.