Principal

No momento em que o Supremo tenta passar o País a limpo com o julgamento do Mensalão, foi estranho o TRE da Paraíba não autorizar o aprofundamento das investigações sobre o Caso Cuiá. Ora, está mais do que óbvia a ocorrência de ilícito. E já nem propugno por cassação de mandatos e coisas do gênero, mas pelo esclarecimento amplo do escândalo.

O cidadão que paga impostos tem o direito de saber. E quando paga impostos, também paga salários. Por que sonegar informações de quem paga a conta desse menu? Alias, por que tanto esforço do governador Ricardo Coutinho, do prefeito Luciano Agra e até da ex-secretária Estelizabel Bezerra em impedir as investigações? Ora, quem não deve, não teme.

realmente admirável a amizade que o governador Ricardo Coutinho externa por alguns empresários, o que nem de longe se assemelha à sua relação com os servidores, por exemplo. De que outra forma explicar tanto desvelo, diante de todo o esforço para vetar projeto do deputado Janduhy Carneiro sobre gratuidade em estacionamento de shopping center?

A matéria não dizia respeito às finanças do Estado, não era inconstitucional e, especialmente, não era afrontosa à economia popular. Mas, mesmo assim, o governador vetou. O que foi de causar espécie. Agora, mais escandalosa foi a posição de alguns deputados que, de uma hora pra hora, mudaram de voto e foram estacionar ao lado dos empresários também.

Quem desembarcasse, hoje, aqui na Paraíba, certamente imaginaria se tratar de uma guerra de contraventores, para usar um adjetivo mais leve, essa pesada troca de farpas entre o agrista Lucius Fabiani e os ricardistas Laura Farias e Coriolano (irmão do governador Ricardo) Coutinho.

O mais constrangedor, no entanto, é o cidadão assistir a todo esse festival de podridão, sem que nada ocorra com os supostos contraventores. O cidadão, que paga a conta dessa imoralidade com seus impostos, vê o quanto os poderes responsáveis para investigar e punir contraventores parecem estar cumplices. Pois, quem cala, consente.

Depois do senador Cássio Cunha Lima e do prefeito Luciano Agra, reclamarem paternidade de obras e ações anunciadas pelo governador Ricardo Coutinho como sendo suas, em sua mídia institucional, hoje foi a vez do ministro Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário).

Segundo o ministro, diferente da mídia institucional do Governo Ricardo Coutinho, os R$ 383 milhões a serem aplicados pelo Plano Safra da Agricultura Familiar na Paraíba foram todos oriundos do Governo Federal. As declarações do ministro causaram abalos sísmicos no Palácio da Redenção.

Quem com ferro fere… Pois não é que a Prefeitura decidiu passar a foice nas placas do Governo do Estado, abundantes por toda a Capital? O próprio prefeito Luciano Agra confirmou a iniciativa que batizou de operação Visual Limpo, negando, porem, que fosse retaliação ao governador Ricardo Coutinho.

Toda a Paraíba recorda muito bem que, no início do Governo Maranhão III, o então prefeito RC mandou derrubar a golpes de serra elétrica todas as placas indicativas de obras. Ante a reclamação do então governador, o prefeito argumentou que não se tratava de perseguição, mas era apenas para limpar o visual da cidade.

Mais um capítulo na pendenga sobre o pedido de empréstimo da Cagepa, derrubado pela Assembleia na semana passada: o governador Ricardo Coutinho admitiu, na manhã desta quarta-feira (dia 15), ter orientado seus deputados para ingressarem na Justiça contra a decisão da Casa: “Os deputados devem acionar a Justiça, porque temos outro entendimento, sobre essa decisão.”

Logo depois, o secretário Adriano Galdino (Casa Civil) pontuou para a Imprensa: “Vamos à Justiça, porque já existe decisão anterior que, nesses casos, não cabe a aplicação de quorum qualificado.”

Quer dizer que o senador Cássio Cunha Lima vai subir no palanque do candidato Reginaldo Pereira, que nem é do PSDB, em Santa Rita, e não fará o mesmo para o senador Cícero Lucena, de seu partido, em João Pessoa? Para Cícero, pelo que se diz, vai apenas gravar participação no guia eleitoral.

Das duas, uma: ou Cássio está se guardando para chegar na campanha de Cícero com tudo mais adiante, ou realmente atende a um pedido do seu novel aliado Ricardo Coutinho.

Mais um capítulo na novela sobre a paternidade de obras. Após a reação do senador Cássio Cunha Lima, cobrando o crédito para as obras anunciadas pelo governador Ricardo Coutinho, agora foi a vez do prefeito Luciano Agra. O prefeito lembra que foi o idealizador do projeto Costa do Sol. Na ótica de Agra, RC faz mesura com o chapeu alheio.

Na manhã desta terça-feira (dia 14), Agra nem esperou para usar o twitter, como tem sido sua prática recente. Ele pontuou para a Imprensa, com evidente ironia em relação ao governador: “Estão falando muito sobre autoria de obras por ai, mas ninguém lembrou que quem planejou o Costa do Sol fui! eu”

Vamos combinar, o nosso ínclito, preclaro e insigne governador não esperava por essa reação do senador Cássio Cunha Lima. RC sempre se imaginou diferenciado, acima do bem e do mal. Dessa forma, ele foi seguidamente descartando parceiros, inclusive os que contribuíram tão decisivamente para chegar aonde chegou.

O senador Cássio, provavelmente, só reagiu em defesa de sua gestão porque, no dizer de Chico Buarque, deve estar “um pote até aqui de mágoas”. O governador não esperava por sua reação, porque imagina que acomodando ou mimoseando parentes e aliados do tucano em seu Governo, já será suficiente para impor seu silêncio.

O senador Cássio Cunha Lima não deixou passar em branco o Dia dos Pais, quando constatou que a mídia paga do Governo Ricardo Coutinho vem anunciando obras iniciada por antecessores como se fossem suas, especialmente o Centro de Convenções. O obra foi licitada em seu Governo e continuada no Governo Zé Maranhão. Cássio, visivelmente irritado, usou o twitter para cobrar a real paternidade desssa e outras obras.

Disse o senador, num recado direto ao governador Ricardo Coutinho: “Vi o comercial do Governo do Estado. Quando o ator fala que o Centro de Convenções foi promessa de muitos Governos, não coloco a carapuça…” adiante, acrescentou o tucano, refrescando a memória do governador: “Lembrando também que quase todas as demais obras anunciadas no comercial foram iniciadas no nosso Governo e estavam em andamento…”