Declarações do deputado Renato Gadelha incendeiam ainda mais a polêmica em torno do empréstimo aprovado pela Assembleia, que foi solicitado pelo governador Ricardo Coutinho, mesmo com parecer contrário do Tribunal de Contas do Estado. Segundo Gadelha, “o governador só está contra o impeachment da presidente Dilma para agradar ao Planalto e obter esse empréstimo”.

O tempo fechou literalmente entre o presidente da Assembleia, deputado Adriano Galdino, e o presidente do Tribunal de Contas do Estado, conselheiro Artur Cunha Lima. O clima não é mais natalino para eles, depois que Adriano ameaçou fiscalizar o TCE, após parecer da Corte indicando o que Estado não tem como contrair empréstimos, por ter ultrapassado os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.

O senador Cássio Cunha Lima não deixou por menos a manifestação convocada pelo governador Ricardo Coutinho, nas dependências do Espaço Cultural contra o impeachment da presidente Dilma. Segundo o tucano, foi “um verdadeiro absurdo os detentores de cargos comissionados e os prestadores de serviço terem sido convocados, em pleno horário de expediente, para um evento político”.

O governador Ricardo Coutinho impôs sua autoridade sobre sua bancada e conseguiu aprovar, nesta terça-feira (dia 15), aprovação para contrair empréstimo de R$ 700 milhões junto ao Banco do Brasil. Mas, o caso deve parar na Justiça. Pelo menos foi o que sinalizou o deputado Bruno Cunha Lima, para quem o empréstimo “será usado para cobrir um rombo de R$ 500 milhões”.

Dois dias depois das pouco expressivas manifestações pelo impeachment da presidente Dilma, eis que os números de uma nova pesquisa Ibope/CNI mostram uma realidade bem diferente da movimentação nas ruas. De acordo com os novos dados, a avaliação negativa do Governo Dilma oscilou de 69% (setembro) para 70%. Já aprovação de seu Governo, passou de 10% para 9%.

Há poucos dias, alunos da Escola Padre Hildon Bandeira, em João Pessoa, acionaram o Blog, para denunciar uma ofensiva do Governo do Estado para terceirizar a escola. Eles realizaram uma assembleia e decidiram promover manifestações públicas. O Governo do Estado decidiu recuar. Mas, “era apenas cortina de fumaça”, no dizer de um servidor.

O governador Ricardo Coutinho admitiu ter protocolado pedido de liberação de um empréstimo para a Paraíba (de R$ 1,2 bilhão) ao Governo Federal, mas negou que o ato que comandou esta manhã (terça, dia 15), contra o impeachment da presidente Dilma seja como forma de barganhar os recursos: “Não fazemos política de barganha.”

Os deputados paraibanos Manuel Júnior (PMDB) e Wellington Roberto (PR) votaram pela suspensão do processo contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Mesmo assim, por onze votos a nove, o Conselho de Ética deliberou pela continuidade do processo, que poderá resultar em punição variando da censura e advertência até a cassação de seu mandato.

A mídia nacional descobriu o que já se especulava, desde a semana passada na Paraíba: o governador Ricardo Coutinho decidiu assumir a defesa da presidente Dilma contra o impeachment, para barganhar um empréstimo de mais de R$ 1,2 bilhão, mesmo sem o Estado estar sem condições financeiras, por ter ultrapassado o limite de gastos com pessoal, ferindo a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Se o impeachment depender das manifestações do último domingo (dia 13), a presidente Dilma pode ficar tranquila. Até mesmo em São Paulo, o epicentro da insatisfação nacional, o protesto foi minguado. Em João Pessoa então, não passou de um pequeno desfile simbólico. Os brasileiros, talvez imbuídos do espírito natalino, preferiram mesmo ficar em casa.