Para além do resultado frio dos números, a eleição em João Pessoa produziu alguns resultados políticos importantes. O primeiro deles, obviamente, foi a consolidação da liderança do prefeito Luciano Agra, especialmente no contraponto ao todo poderoso governador Ricardo Coutinho.

Depois, houve a formatação de um novo líder político, o deputado Luciano Cartaxo, que iniciou a campanha desacreditado, e virou para o segundo turno na dianteira e com larga margem sobre o segundo. Cartaxo foi, ao lado de Agra, o grande vencedor, e se agigantou no cenário político do Estado.

Já o senador Cícero Lucena demonstrou, com o seu desempenho, um extraordinário poder de reação, depois de que tudo que passou com a expiação na Operação Confraria. Vai para o segundo turno por seus próprios méritos e competência, sem ter recebido adjutórios de nenhum padrinho político. Mostrou força.

Ninguém em sã consciência deve torcer pela violência, mesmo que seja apenas agressão verbal. Por isso, não se pode concordar com os impropérios disparados pelo eleitor João Batista Targino Moura contra sua excelência o governador Ricardo Coutinho, usando palavras de baixo calão e ameaças veladas.

Mas, muitas vezes, é preciso entender as motivações. Será que se o nosso ínclito, preclaro e insigne governador não tivesse demitido mais de 30 mil servidores passaria por este tipo de constrangimento? Seria tratado assim se não tivesse perseguido de forma implacável o pessoal do antigo Ipep?

A Polícia Federal apreendeu computadores e um disco rígido externo da residência nº 385 da Rua Manoel Madruga, no Bairro dos Estados, de propriedade do advogado Marcelo Weick, onde funciona um dos comitês de campanha da candidata Estelizabel Bezerra.

Os policiais cumpriram mandado de busca e apreensão, após denúncia de que havia dinheiro na casa para ser usado na compra de votos. Além dos computadores e outros equipamentos de informática, foram apreendidos documentos. A operação ocorreu nas primeiras horas deste domingo (dia 7).

Estava escrito nas estrelas que essas eleições em João Pessoa terminariam em caso de polícia. Nos últimos dias, foram muitas as denúncias de derrame de dinheiro na praça para turbinar determinadas candidaturas. Falou-se, por exemplo, última sexta-feira (dia 5), no envio de R$ 11 milhões numa única operação originária de Recife.

Mas, lenda urbana ou não, o fato é que a Polícia Federal foi acionada e, ao cercar o comitê de campanha da candidata Estelizabel Bezerra, deu consistência a algumas dessas suspeitas. Ainda mais que, segundo informações do início da madrugada, a operação foi objeto, não de denúncia de candidatos adversários, mas do próprio serviço de inteligência da PF.

Um segundo turno previsível entre os candidatos Romero Rodrigues e Tatiana Medeiros é o que se desenha em Campina Grande, segundo os números da última pesquisa Ibope. Romero se isola na liderança, uma tendência já aferida em pesquisa anterior. Tatiana consolida-se em segundo. Pelo menos conforme o Ibope, Daniella Ribeiro não entra nessa festa.

Romero e Tatiana experimentaram crescimento paulatino, desde que o Ibope começou a realizar pesquisa nessas eleições. O tucano passou de 34% (na primeira pesquisa), foi a 39% e emplaca em 40%. Tatiana, que iniciou com 20%, agora tem 24%. Na contramão, Daniela iniciou a série com 21% e caiu para 14%, ficando dez pontos percentuais atrás da candidata do PMDB.

Será uma eleição para ser decidida no detalhe. Foi o que revelaram os últimos números da pesquisa Ibope/TV Cabo Branco. O embate pela Prefeitura de João Pessoa está literalmente por fio para os candidatos Zé Maranhão (com 19%) e Cícero Lucena (18%), que, pelo menos em tese, disputam a segunda vaga para o passaporte do segundo turno.

Segundo o Ibope, o candidato Luciano Cartaxo, apesar do viés de queda em relação à pesquisa anterior, segue liderando com 27% e praticamente está com uma vaga assegurada. Mas, não se pode desprezar a candidata Estelizabel Bezerra que, apesar de ter crescido muito pouco no comparativo com a pesquisa anterior (passou de 14% para 15%), ainda pode encostar em Zé e Cícero.

O senador Cícero Lucena conseguiu uma vitória importante sobre o governador Ricardo Coutinho, nos momentos derradeiros da campanha: mais uma absolvição em uma das (mais de dez) ações movidas pelo então prefeito RC contra ele e que redundaram na famosa Operação Confraria. Cícero já foi absolvido de outras ações antes.

Na ação, Ricardo reivindicava a indisponibilidade de seus bens e o ressarcimento de cerca de R$ 11 milhões aos cofres da Prefeitura de João Pessoa. A juíza federal Cristina Maria Costa Garcez (3ª Vara Federal) entendeu que não houve dano ao erário e mandou extinguir a ação.

Há tempos, o noticiário político-policial se alimenta do personagem Pietro Halley Dantas Félix. Mas, quem é mesmo Pietro, de pronuncia italiana? Bem, a primeira vez que se ouviu falar dele foi naquela operação de compra de livros, em que o empresário Daniel Gonçalves (da empresa New Life) denunciava um esquema de lavagem de dinheiro e roubo. Eram R$ 2,3 milhões numa única operação.

Roubo porque, segundo Daniel, Pietro se apoderou de um cheque de sua empresa pago numa licitação suspeita de compra de livros, em que ele era apenas procurador. Lavagem porque Pietro, Alexandre Urquiza e Edivaldo Rosas teriam ido a Taperoá receber o dinheiro de uma penada na boca do caixa, em pleno período eleitoral de 2010. O caso terminou nas páginas da revista Época.

Segue…

A campanha em João Pessoa vai se encaminhando para o veredicto das urnas, sem que os candidatos tenham apresentado, de forma convincente, uma proposta inovadora para a cidade. No final, o discurso de todos eles praticamente se confunde quando o assunto é saúde, educação e mobilidade, por exemplo. Não houve nada de extraordinário ou revolucionário. Ficou claro no debate promovido pela TV Cabo Branco.

Não venha me dizer, meu caro Paiakan, que prometer geladeira, fogão, panela e pano de prato é uma proposta decente. É essencialmente eleitoreira e hilária, pra não dizer o pior. Prometer tablets não tem nada de novidade. Afinal, esse será mesmo o futuro. Para o poder público é mais econômico distribuir tablets que vários livros por alunos. Ainda mais com um certo Pietro por perto…

Resultado: a João Pessoa do futuro, que muitos esperavam ver nem que fosse numa maquete, passou longe do debate entre os candidatos…

A esposa do ex-secrerário Alexandre Urquiza, Adriana Gonsalves Urquiza de Sá, enviou carta aberta ao Blog, intitulado “Sobre Dificuldades e Superações”, em que trata da denúncia de favorecimento de sua filha no programa Bolsa Família.

Em certo trecho, Adriana pontua: “Minha filha não fez uso do bolsa-família. A cidade de João Pessoa terá acesso a todos os comprovantes.” E desabafa: “não concordando com atitudes de pessoas que insistem em usar seu lado sombrio para vencer a qualquer custo.”
Leia carta na íntegra: